Ele ficou preso por pouco mais de um mês sob acusação de exigir R$ 20 mil a um suposto autor de estupro para não denunciá-lo.
O advogado José Lourinho Coelho, preso por extorsão em Quixeramobim e réu na Justiça cearense, foi solto. Nessa terça-feira (1º), Lourinho publicou foto nas redes sociais comemorando a saída dele da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
A reportagem apurou que o advogado teve a prisão preventiva revogada em audiência de instrução. Ele ficou preso por pouco mais de um mês sob acusação de exigir R$ 20 mil a um suposto autor de estupro para não denunciá-lo.
Nas redes sociais, o advogado comemorou a soltura junto aos familiares e disse "ter acordado maravilhosamente bem" e que "tem gratidão eterna pelas orações": "agora eu conheço o outro lado do parlatório".
A defesa do acusado entrou com pedido de soltura alegando que José Lourinho não tinha antecedentes criminais e que a manutenção da prisão preventiva seria desproporcional.
O processo principal acerca da extorsão agora tramita em segredo de Justiça
COMO O ADVOGADO CHEGOU À PRISÃO
De acordo com a investigação da Polícia Civil, José Lourinho Coelho Neto foi procurado por uma jovem, que disse ter sido vítima de abusos e, ao invés de notificar as autoridades sobre o caso, entrou em contato com o suposto autor do crime sexual para extorqui-lo.
José Lourinho foi preso em flagrante no dia 24 de fevereiro deste ano, quando se preparava para receber o valor restante dos R$ 20 mil exigidos por ele em troca de não denunciar o suposto autor do estupro.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) pediu a conversão do flagrante em prisão preventiva alegando que o advogado ainda fez com que a suposta vítima assinasse um termo, com declarações falsas, "fazendo-a revitimizar-se psicologicamente, pois foi coagida a aceitar e declarar narrativa que não refletia a realidade do ocorrido, além de ser ameaçada com medida de prisão caso procurasse a autoridade policial".
Dias depois, o MPCE denunciou o suspeito formalmente por extorsão e a Justiça aceitou a acusação.
O MP destacou que "a testemunha, que inicialmente buscava assistência jurídica em razão de uma suposta violência sexual, foi utilizada como parte da estratégia criminosa do acusado" e "que a prisão preventiva do custodiado se faz necessária para a garantia da ordem pública e da instrução criminal, sendo plenamente justificável dada a natureza do crime, reveladora de extrema insensibilidade com a liberdade alheia".
Na versão do advogado acusado, ele teria dito aos policiais que seu primeiro contato com o caso foi quando recebeu ligação de uma provável cliente perguntando se ele trabalhava em casos de crimes sexuais, mas que a conversa foi curta e ele a orientou buscar atendimento no escritório.
Segundo o denunciado, pessoalmente, ele ouviu o relato da jovem acerca do abuso e orientou ela a procurar uma delegacia. Em paralelo, José disse ter ido falar com o suspeito do abuso para dizer que a jovem tinha o procurado "dando a entender que (ela) queria dinheiro para não denunciá-lo".
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Cariri Ativo
03.04.2025