Phellipe Adler correu para uma região de mata densa após beber chá de ayahuasca em um ritual de consagração de "medicinas da floresta"
Phellipe Adler, 31, que desapareceu no último fim de semana, nas proximidades do Sítio Melo, em Barbalha, no Cariri, foi encontrado na tarde desta terça-feira (17), na região da Malhada, no Crato, sentido Moreilândia. As cidades ficam na divisa entre Ceará e Pernambuco e são separadas por cerca de 47 quilômetros.
A família do autônomo relatou ao Diário do Nordeste que, quando foi achado, Phellipe estava de roupa íntima, machucado, debilitado e sem querer falar muito. À mãe e às tias que estavam à sua procura, ele disse apenas que queria ir para o hospital, e foi levado para a unidade regional do Cariri.
A advogada Akerna Guedes, que representa a família, agradeceu aos moradores da região pela "solidariedade, apoio e mobilização" nas buscas. "Nosso reconhecimento se estende a todos os profissionais, instituições, grupos religiosos e voluntários que, de forma direta ou indireta, se envolveram com empenho e generosidade", escreveu, em nota.
Não foi revelado ainda como Phellipe sobreviveu na mata durante os últimos dias, só foi dito que ele estava assustado, mas consciente do que estava acontecendo ao redor.
Como Phellipe desapareceu?
Phellipe Adler é dono de um ateliê de plantas em Juazeiro do Norte que desapareceu após participar, no último sábado (14), de um ritual de consagração de "medicinas da floresta". Segundo o coletivo Ani Uná, responsável pela cerimônia, ele apresentou comportamento "atípico" e "forte desejo de deixar o local" depois de tomar chá de ayahuasca.
"Phellipe apresentou comportamento atípico poucas horas após a consagração [do chá]. Ele manifestou forte desejo de deixar o local, mesmo sob efeito da medicina, o que não é permitido por questões de segurança. [...] Algum tempo depois, ele repentinamente adentrou uma área de mata fechada, atravessando a cerca por onde não há trilhas, apenas vegetação densa", continuou o coletivo. O grupo foi, inclusive, quem informou à polícia sobre o desaparecimento do participante.
As investigações estão a cargo da Delegacia de Barbalha, mas os policiais tiveram apoio do Corpo de Bombeiros, que fez buscas com drones e cães farejadores.
Suspeita de uso de medicamentos psicotrópicos
Segundo o coletivo Ani Uná, toda pessoa que deseja participar do ritual da consagração das "medicinas da floresta" passa por entrevista de anamnese, em que são feitas perguntas sobre estado físico, emocional, social e familiar, além de histórico de vida e existência de transtornos psiquiátricos. Contudo, esse processo depende da "honestidade e transparência de cada pessoa", disseram os organizadores, acrescentando que Phellipe negou, na pesquisa, tratar qualquer problema de saúde mental.
O Diário do Nordeste apurou com fontes próximas ao coletivo que foram encontrados medicamentos psicotrópicos entre os pertences de Phellipe, na mochila deixada no local. Não há confirmação de que os remédios eram tomados pelo rapaz. No entanto, amigos dele teriam relatado que o autônomo já teria sofrido surtos anteriormente.
À reportagem, a família disse desconhecer essa situação e ressaltou que Phellipe não tomava medicamentos que não fossem naturais.
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Cariri Ativo
18.06.2025