Suspeitos teriam usado a agência de inteligência para espionar ilegalmente opositores e autoridades, entre elas o então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), atual ministro da Educação.
O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), foi indiciado, nesta terça-feira (17), pela Polícia Federal no inquérito que investiga o uso da Agência Brasileira de Informações (Abin) para espionar ilegalmente opositores e autoridades públicas durante o governo do antigo mandatário, caso conhecido como "Abin paralela".
Ao contrário do que foi noticiado na manhã desta terça, o ex-presidente não foi indiciado. A PF apontou indícios de autoria e materialidade de Jair Bolsonaro nos fatos, mas entendeu que ele já havia sido indiciado por organização criminosa no caso do golpe e, por isso, não poderia ser novamente indiciado neste caso.
Na época, um dos alvos dos suspeitos teria sido o então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), atual ministro da Educação.
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o diretor da instituição de inteligência, Luiz Fernando Corrêa, e outras 31 pessoas também foram indiciados na ocasião. A informação foi revelada pela jornalista Daniela Lima, colunista do portal g1.
O que diz o inquérito sobre os suspeitos
Para os investigadores da Polícia Federal:
- Ramagem, então diretor da Abin do governo Bolsonaro, teria montado o esquema para espionagem ilegal de pessoas consideradas adversárias do antigo presidente;
- Carlos seria o chefe do "gabinete do ódio", grupo responsável por usar as informações obtidas pela "Abin paralela" para atacar publicamente os alvos;
- Bolsonaro teria conhecimento do esquema e se beneficiaria dele;
- A atual direção foi implicada por obstrução de Justiça.
As apurações da corporação apontam que agentes de segurança, servidores e funcionários da Abin formaram uma organização criminosa para monitorar personalidades e autoridades públicas durante a gestão de Bolsonaro, chegando a invadir celulares e computadores dos alvos.
Além do cearense Camilo Santana, teriam sido espionados ilegalmente jornalistas e autoridades do Judiciário, do Legislativo e do Executivo, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, os ex-presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Maia, e o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Espionagem contra governador do Ceará

A organização criminosa instalada na Abin teria espionado o atual ministro da Educação, Camilo Santana, quando ele era governador do Ceará. Segundo divulgado pelo jornal O Globo no ano passado, drones monitoraram a residência oficial do petista, localizada em Fortaleza, no ano de 2021.
As investigações da PF descobriram que policiais flagraram os dispositivos, operados por integrantes da instituição de inteligência, sobrevoando o endereço onde morava o político, no bairro Meireles.
Na época, a Abin chegou a instaurar um processo administrativo contra dois servidores, suspeitos de envolvimento no episódio, mas o caso acabou sendo arquivado.
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Cariri Ativo
18.06.2025