Poços e adutoras são apontadas como principais saídas para manter abastecimento da população.
A quadra chuvosa de 2025 trouxe alívio para as reservas hídricas de diversas regiões do Ceará. Contudo, embora o Sistema Integrado da Região Metropolitana de Fortaleza esteja com mais de 90% de sua capacidade, há municípios que enfrentam situações críticas, como Milhã, que já implantou um sistema de rodízio. Além dela, mais três cidades podem “colapsar” até o mês de outubro.
São elas: Umari, Ipaumirim e Baixio, na região Centro-Sul do Ceará. A informação foi dada pelo titular da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), Fernando Santana, em entrevista à Verdinha FM 92.5, na manhã desta terça-feira (17).
“As três cidades estão juntas clamando muito e muito preocupadas porque o reservatório que abastecia lá secou. A lâmina d'água hoje não dá pra tratar, a água não é mais de qualidade”, aponta o secretário.
O reservatório em questão é o Jenipapeiro II, localizado em Baixio. Com volume para “apenas” 1,66 milhão de metros cúbicos, ele acumula atualmente apenas 4% do total, segundo o Portal Hidrológico do Ceará. Açudes com menos de 5% são enquadrados como “volume morto”.
“Estamos estudando ela, que tem uma média de valor de quase R$40 milhões. Já conversamos com o Ministério da Integração (e do Desenvolvimento Regional), estamos em planejamento para construirmos essa adutora e resolver o problema das três cidades, imediatamente”, explica.
Contudo, não foram dados prazos para execução dessa adutora.
Racionamento e rodízio
Já no caso de Milhã, no Sertão Central, Fernando Santana estima possibilidade de colapso antes, entre agosto e setembro. A saída para a cidade é a ativação do sistema Banabuiú-Sertão Central do projeto Malha D’Água - um sistema de adutoras -, para atender a região.
O sistema será inaugurado nesta quarta-feira (18), chegando inicialmente para as cidades de Banabuiú, Jaguaretama e Solonópole. Em seguida, as adutoras subterrâneas bombearão a água até a população afetada.
“O Malha D’Água vai resolver o problema de Milhã, por isso a nossa pressa em inaugurar. Queremos chegar lá até 5 de julho”, estima Santana.
Enquanto isso, a população milhaense, de cerca de 14 mil pessoas, se reveza para buscar água em caixas d'água de 5 mil litros instaladas pela Prefeitura Municipal. No dia a dia, se formam filas ao redor das torneiras para encher baldes e vasilhames.
Além disso, na prática, a cidade foi dividida em três para revezar o abastecimento. Alguns locais passam até 6 dias sem água.

Poços e chafarizes
No fim de maio, com o término da quadra chuvosa, o Comitê Integrado de Segurança Hídrica do Ceará (CISH) se reuniu para discutir medidas emergenciais e estruturantes que garantam o abastecimento de água para os municípios cearenses, especialmente dos mais afetados.
Para 2025, estão previstas a construção de 300 novos poços e a instalação de 400 chafarizes pela Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra).
Como funciona o Comitê?
O CISH foi criado em 2024 para coordenar ações de enfrentamento aos desafios de abastecimento hídrico no Ceará, especialmente em períodos de seca e estiagem. O grupo tem nove órgãos estaduais e municipais como membros.
Entre as atribuições do grupo, estão:
- monitorar as previsões climáticas;
- propor obras e serviços emergenciais e estruturantes;
- acompanhar e fiscalizar ações de abastecimento;
- articular esforços entre governos estadual, federal e municipal.
O Comitê tem reuniões quinzenais e busca dar respostas rápidas às demandas hídricas do estado.
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Cariri Ativo
18.06.2025