Declaração surge horas após o ministro Alexandre de Moraes determinar explicações da defesa de Bolsonaro sobre "comprovado risco de fuga"
O advogado Paulo da Cunha Bueno, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro no processo sobre a tentativa de golpe, afirmou, nesta quinta-feira (21), que o político nunca cogitou fugir para Argentina, apesar de ter recebido uma proposta de asilo no País. A informação foi divulgada pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.
Durante as investigações da Polícia Federal (PF) que indiciaram Jair e o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foi descoberto no celular do ex-presidente uma carta com pedido de asilo político na Argentina, direcionada ao governo de Javier Milei. O documento teria sido produzido pela esposa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
"Essa proposta ocorreu há mais de um ano e meio, e ele rechaçou", disse o advogado à Folha. "A fuga nunca foi uma opção".
Cunha ainda reforçou que Bolsonaro permaneceu no Brasil em todas as instâncias do processo em que ele é réu, "inclusive àqueles para os quais não foi convocado".
Moraes pede explicações à defesa de Bolsonaro
Para a coluna da jornalista Andréia Sadi, do g1, o advogado detalhou que a sugestão surgiu em fevereiro de 2024. "Ele podia ter ido, mas não foi. Ele não quis, não estava em prisão domiciliar, nem tinha tornozeleira. Teria condições de se evadir e não se evadiu”, completou.
As manifestações da defesa de Bolsonaro acontecem horas após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter dado 48h para que a equipe prestasse explicações sobre "comprovado risco de fuga". Para embasar a decisão, ele cita a carta sobre o asilo na Argentina.
"Os elementos de prova obtidos pela Polícia Federal indicam que Jair Messias Bolsonaro tinha posse de documento destinado a possibilitar sua evasão do território nacional".
Os autos devem ser enviados imediatamente à Procuradoria-Geral da República (PGR) após a resposta da defesa.
Entenda o pedido de asilo político na Argentina
O documento com o pedido de asilo político, de 33 páginas, consta no indiciamento por parte da PF contra o ex-presidente, pelos crimes de coação no curso do processo e abolição violenta ao Estado Democrático de Direito.

Segundo os agentes, tanto Bolsonaro como o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, têm atuado contra integrantes do STF em razão do julgamento sobre a trama golpista.
"Embora se trate de um único documento em formato editável, sem data e assinatura, seu teor revela que o réu, desde a deflagração da operação Tempus Veritatis [que apura tentativa de golpe de Estado], planejou atos para fugir do país, com o objetivo de impedir a aplicação de lei penal", diz a PF no relatório.
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Cariri Ativo
22.08.2025