Com objetivo de enfrentar as desigualdades raciais desde a infância, o Instituto Identidades do Brasil visa expandir o programa nacional Escolas Sim, formação para professores e gestores em letramento racial e tecnológico para as redes públicas de ensino. A iniciativa gratuita, que já alcançou cinco estados em 2024 e agora foca nas regiões Norte e Nordeste, tem como meta impactar 46 milhões de estudantes e formar 2,3 milhões de educadores em todo o Brasil até 2030, consolidando-se como a maior ação antirracista na educação pública brasileira.
Presente em 20 mil escolas brasileiras, o programa aborda desde legislação antirracista e políticas públicas até práticas pedagógicas inovadoras, em conformidade com as Leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, que determinam o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena. A jornada formativa é estruturada em trilhas de 42 horas e pode ser realizada de forma presencial ou remota, integrada à plataforma Moodle das Secretarias de Educação, com acompanhamento contínuo da equipe pedagógica do ID_BR.
“Não estamos falando apenas de inclusão, mas de protagonismo. O Escolas Sim é uma ferramenta para que as escolas deixem de apenas reproduzir desigualdades e passem a combatê-las de forma ativa e qualificada”, afirma Tom Mendes, diretor institucional do ID_BR.
O Escolas Sim surge em um cenário preocupante da educação brasileira. Segundo o Censo Demográfico 2022, apesar da queda da taxa nacional de analfabetismo de 9,6% para 7% em 12 anos, as desigualdades persistem. Indígenas apresentam taxa de 16,1%, pretos 10,1%, pardos 8,8% e brancos apenas 4,3%. As regiões Norte e Nordeste concentram os maiores índices de analfabetismo do país, com 6,4% e 11%, respectivamente, e frequência escolar extremamente baixa nos anos iniciais, apenas 16,6% no Norte e 28,7% no Nordeste, contra 41,5% no Sudeste.
Essas desigualdades também se refletem na evasão escolar. Mais de 70% dos jovens entre 14 e 29 anos que abandonaram a escola sem concluir a educação básica são pretos e pardos, segundo a PNAD 2019. Em 2020, o Conselho Nacional da Juventude apontou que 30% dos jovens negros não pretendiam voltar à escola após a pandemia. Em 2023, a defasagem no aprendizado continuou: apenas 31,5% dos estudantes negros e indígenas do 9º ano atingiram o nível adequado em Língua Portuguesa, contra 45,6% de brancos e amarelos, um abismo de 14,1 pontos percentuais.
“O ID_BR tem sido um parceiro muito importante na trilha educacional, sempre colocando em primeiro lugar as necessidades da rede do Rio Grande do Sul. Já formamos mais de 20 mil profissionais das regionais, que serão responsáveis por elaborar materiais e políticas educacionais para todo o Estado”, destaca Naomy Oliveira, gestora do Centro de Desenvolvimento dos Profissionais da Educação do Rio Grande do Sul e idealizadora da Trilha Antirracista.
Além de enfrentar esse diagnóstico, o Escolas Sim está alinhado à Política Nacional de Equidade, Educação para Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ), lançada pelo Ministério da Educação em 2024, e tem como prioridade estratégica as regiões Norte e Nordeste, onde os indicadores são mais críticos.
Até 2030, o programa deseja se consolidar como a maior ação de letramento racial e tecnológico no país. Em 2024, já foram formados 54 mil educadores em cinco estados e três regiões do Brasil. Em 2025, o programa prevê atuação em 20 mil escolas, alcançando 300 mil educadores e 6 milhões de estudantes.
A iniciativa é implementada por meio de parcerias com Secretarias de Educação estaduais e municipais e não há qualquer custo para escolas, educadores ou estudantes.
Serviço:
Para mais informações e adesão ao programa:
fale@simigualdaderacial.com.br
Acesse o material gratuito de educação antirracista:
Link
Para fazer parte do Escolas SIM, acesse:
Mayara Oliveira
Cariri Ativo
20.08.2025
