Mel cearense tem como principal destino os Estados Unidos, que devem reduzir consumo com o tarifaço.
A negociação já estava em andamento, mas ainda não havia confirmação sobre o volume exato da compra realizada pelo Estado. Agora, o contrato de fornecimento do mel para as instituições estaduais deve ser celebrado em 3 de outubro, segundo Joventino Neto, presidente da Federação Cearense de Apicultores (Fecap).
A expectativa é atender cerca de 400 mil estudantes com um sachê de mel às sextas-feiras, o que representaria 42,3 toneladas do produto por semana.
Joventino Neto ressalta que o mel será comprado dos produtores com o preço de tabela da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por volta de R$ 61 por quilograma do mel em sachê.
“É uma saída para o apicultor, uma sobrevida. O preço da Conab é de R$ 61. Então pode ser um pouco menos, mas não muito baixo. É bem melhor do que o produtor vender direto para os atravessadores [que negociam a exportação]”, comenta Joventino.
O presidente da Fecap ressalta que a introdução do mel na merenda escolar pode indicar um consumo maior do produto pelos cearenses, que ainda está aquém do registrado nos Estados Unidos e países da Europa.
COMPRA DE ALIMENTOS PELO GOVERNO DO CEARÁ
A compra direta de alimentos pelo Estado é uma das medidas de apoio às empresas e produtores cearenses que terão atividades afetadas pela redução de exportações aos Estados Unidos. Além do mel, o governo deve comprar peixe, castanha de caju, água de coco e cajuína.
Em 2025, o Ceará exportou US$ 5,9 milhões em mel natural aos Estados Unidos, conforme dados do Comex Stat, plataforma que contabiliza exportações e importações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
No ano passado, foram 2,2 mil toneladas enviadas, avaliadas em cerca de US$ 6,6 milhões. O montante corresponde a mais de 85% de todo o mel exportado pelo Ceará.
Ou seja, se o governo comprar 2.040 toneladas por ano (o equivalente a 170 toneladas por mês), deve escoar boa parte do que era enviado aos EUA.
Como a produção do mel ocorre principalmente no primeiro semestre, foi possível enviar boa parte da safra de 2025 antes que o tarifaço entrasse em vigor. O segmento acedeu o alerta, entretanto, sobre a produção de 2026.
NOVOS MERCADOS EXPORTADORES
Com a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, o mel de abelha produzido no Ceará deve retomar o mercado europeu. Negociações com compradores alemães podem garantir exportações em 2026.
Uma empresa alemã sinalizou que pode comprar até 2 mil toneladas no mel multifloral cearense, segundo o apicultor e engenheiro-agrônomo Paulo Airton de Macedo e Silva, que trabalha com a negociação de exportações do mel de abelha.
Há interesse também no mel de aroeira do Sertão dos Inhamuns, um produto diferenciado que conquistou Indicação Geográfica em março deste ano.
“O cliente alemão está interessado em comprar toda a safra do mel de aroeira, produzido em Quiterianópolis, Tauá, Parambu, Aiuaba e Arneiroz. São quase 40 toneladas de mel já estocadas, que podiam ir para os Estados Unidos e vão para a Alemanha”, aponta.
Paulo Airton destaca que a Alemanha era um dos principais compradores do mel cearense, mas acabou enfraquecendo o consumo ao exigir diversas certificações.
“Os apicultores têm que estar preparados, capacitados para produzir o mel que a Europa quer. Tem diferenças, eles são mais exigentes. Isso pode abrir possibilidades para os produtores”, afirma.
O Diário do Nordeste procurou a Casa Civil para obter mais detalhes sobre a negociação, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. Em caso de retorno, este texto será atualizado.
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Cariri Ativo
18.09.2025