"Nova Okaida": integrantes são condenados pela Justiça após expandir facção criminosa para o Ceará - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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"Nova Okaida": integrantes são condenados pela Justiça após expandir facção criminosa para o Ceará

"Nova Okaida": integrantes são condenados pela Justiça após expandir facção criminosa para o Ceará

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A facção Nova Okaida usa imagens de Osama Bin Laden, líder e fundador da Al-Qaeda, organização terrorista que efetuou atentados contra os Estados Unidos / Crédito: reprodução

Grupo usava imagem de Osama Bin Laden como símbolo da organização criminosa e atuava em dois municípios cearenses. Oito réus foram condenados pela Justiça.

Autor Jéssika Sisnando

Oito réus foram condenados por integrar uma organização criminosa chamada "Nova Okaida", que planejava expansão no Ceará. Todos foram individualmente condenados a mais de 20 anos de prisão, um acumulado de 143 anos, um mês e cinco dias de reclusão, por crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico e organização criminosa. A sentença do dia 8 de setembro foi decretada por meio da Vara de Delitos de Organizações Criminosas. 

Os réus são: Edilson da Silva Vieira, Fabricio Gomes Cândido, Anderson Luiz de Lima, Carlos da Silva Luiz, Maria Celimar dos Santos, Kerfesson Pereira da Silva, William de Sousa Moraes e Jefferson Freire dos Santos.

O POVO teve acesso à decisão judicial e ao inquérito policial, que investigava a facção criminosa de origem paraibana Nova Okaida. A organização atuava nos municípios de Ipaumirim e Baixio, ambos no Ceará, mas que fazem divisa com a Paraíba. 

Os réus foram investigados a partir de um vídeo no YouTube, que fazia referência à expansão da facção criminosa para o Ceará. Ainda havia menção aos responsáveis pela expansão. Confira um trecho abaixo:

"Representa os aliados, tu tem que respeitar esse é o crime organizado, quebrada de mil grau dentro de Ipaumirim, se não fechar com a NOVA tá pedindo pra cair, dentro do Ceará a facção expandiu, levantando a bandeira (…) essa é a gestão do Playboy e o do FB, conexão mil grau, tem que respeitar, onde tu chegar a Nova Okaida vai reinar, um salve para o Bil, um alô para o DG, Nego Léo é nós é vera caçador de PCC, alô pro BICUDINHO da tropa de Cajazeiras (…) não posso esquecer um salve pra os irmãos metralhas, e lá na Asa Sul quem manda é a Nova Okaida (…) Nas quebradas de Cajazeiras, o Ceará tá dominado, é bala
no CVCU, no PCCU e nos comédia do GDE, nós num tá comendo nada, é a Nova Okaida, a facção expandiu por todo território do Ceará, bota a cara alemãozada, é só tiro de role ponte (...)”

Preso da Paraíba comandava tráfico em município do Ceará

Dois inquéritos policiais citados na decisão judicial apontam que Fabrício Gomes, conhecido como Fabinho, ou FB, preso na Paraíba, continuou a comandar o tráfico de drogas em Ipaumirim, no Ceará.

O Núcleo de Combate ao Tráfico de Drogas da Delegacia Regional de Juazeiro do Norte verificou que Fabrício era vinculado com a facção Guardiões do Estado e foi denunciado por integrar a referida organização. No entanto, nos últimos meses, a equipe identificou que ele passou a integrar a Nova Okaida. 

Ainda nas investigações, uma mulher presa em Baixio confirmou a prática do tráfico de drogas e relatou participar da facção Nova Okaida. Ainda ressaltou que Fabinho seria o "linha de frente" do grupo e que era responsável por enviar a droga, determinar cobranças e impor as punições.

No aparelho celular apreendido, havia um grupo denominado Ipaumirim - Baixio - Nova OKD. Os administradores do grupo eram Taise Priscila Maciel Nunes, conhecida como Menorzinha, e Edilson da Silva Vieira Silva.

Outro grupo de WhatsApp era denominado de Disciplina de Baixio e Ipaumirim, que era responsável pela punição de membros que praticassem ações contrárias às orientações da facção.

Mais um, que também passou por análise, citava a situação de uma mulher que vendia droga fornecida pelo irmão dela, Jefferson Freire, afastado da facção. A nova determinação era para ela vender droga fornecida por Fabrício e Edilson, ambos condenados.

A investigação apontou um relatório de quebra de sigilo de dados, conversas que envolvem tráfico de drogas e punições. Além da quebra do sigilo bancário, que mostra uma série de transferências via PIX. 

Nova Okaida existe há 25 anos no Brasil e utiliza símbolos terroristas 

A facção surgiu nos anos 2000 e, diferente das outras facções do Brasil, a origem não está ligada ao sistema penitenciário, mas a um domínio territorial de tráfico de drogas. A Okaida possui uma hierarquia, com divisão de tarefas, soldados que atuavam em confrontos e adotou aplicativos criptografados para evitar investigações.

No ano de 2019, a Okaida passou por uma reestruturação, após uma dissidência. A "Nova Okaida" atua em três estados que fazem divisa com a Paraíba. No Ceará, o grupo usava símbolos e imagens de Bin Laden como a marca identitária e instrumento de intimidação. 

"Por meio dessas referências a grupos terroristas, a facção criminosa buscou disseminar o medo e reafirmar seu poder, ao mesmo tempo em que estabelecia alianças com organizações criminosas locais. Essa atuação evidencia sua estratégia de expansão territorial para além da Estado em que nasceu, fortalecida inicialmente por parcerias com facções de outras regiões, como era o caso do Comando Vermelho", afirma o documento.

A defesa alegou falta de provas, no entanto, o juízo condenou os réus. Fabrício foi condenado a 23 anos, um mês e 20 dias; Jefferson Freire, 23 anos e dois meses; Edilson Vieira, 20 anos, cinco meses e 15 dias de reclusão; Anderson Luiz, 19 anos e um mês; Maria Celimar, 19 anos e um mês; e Kerfessom Pereira, 19 anos e um mês.

opovo.com.br

Cariri Ativo

29.09.2025