Deputada licenciada se defendeu durante sessão que analisa pedido de perda de mandato.
A deputada Carla Zambelli (PL-SP), que está presa na Itália, prestou depoimento por videoconferência à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (24), durante a sessão que analisa o processo de cassação de seu mandato.
Durante a oitiva, Zambelli chorou, afirmou enfrentar problemas de saúde e disse estar “exilada”, negando ser foragida da Justiça.
“Eu não estou foragida, estou exilada. Estou em prisão administrativa, não por um crime que cometi aqui na Itália. Respondo a um processo para saber se foi justo ou injusto, assim como a CCJ está fazendo agora. (…) Estou tranquila por saber que em breve não estarei mais presa, estarei em liberdade”, declarou.
Condenação no STF
O processo contra a parlamentar foi instaurado em junho, após sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Zambelli foi considerada culpada por participação em uma invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde foram inseridos documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, então presidente do TSE.
Emocionada, a deputada exibiu uma foto do filho e criticou Moraes, alegando que ele bloqueou suas redes sociais. “Tirou as redes sociais do meu filho, tirou as redes sociais da minha mãe”, disse, acrescentando que guarda uma foto impressa dele na prisão.
Questões de saúde
Zambelli também relatou problemas médicos, afirmando já ter sofrido oito desmaios desde que foi detida na Itália. Ela disse enfrentar uma crise de fibromialgia.
“Eu pareço uma velha, ando devagar, tenho muita dor de cabeça. E isso aumenta por causa da decepção toda, da decepção”, relatou.
Trâmites na CCJ
Segundo o regimento do Congresso, deputados condenados em decisão transitada em julgado podem perder o mandato. Nesses casos, a análise começa pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O presidente da comissão, deputado Paulo Azi (União-BA), informou que solicitou ao STF o envio de todos os autos do processo. O pedido foi feito pelo relator da ação, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR).
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo, já encaminhou parte dos documentos à CCJ, mas alguns permanecem sob sigilo. A comissão pediu a suspensão da restrição para que o relator tenha acesso integral ao material.
“[O relator pediu] que fossem suspensos esses sigilos, até em função da necessidade que tem de se utilizar de peças do inquérito e do processo para proferir o seu parecer. Essa presidência já fez essa solicitação ao ministro Alexandre de Moraes”, afirmou Azi.
Além disso, a CCJ também solicitou o envio de um relatório da polícia judiciária que não foi localizado entre os documentos remetidos pelo Supremo.
diariodonordeste.verdesmares.com.br
Cariri Ativo
25.09.2025