Cientistas transformam células da pele humana em óvulos e fertilizam em laboratório - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
Anúncio

Cientistas transformam células da pele humana em óvulos e fertilizam em laboratório

Cientistas transformam células da pele humana em óvulos e fertilizam em laboratório

Compartilhar isso

 

Legenda: Especialistas apontam que os resultados poderiam oferecer respostas para a infertilidade

A equipe alertou que o processo levará anos até estar acessível


Escrito por

Cientistas anunciaram nesta terça-feira (30) que conseguiram pela primeira vez transformar células da pele humana em óvulos e fertilizá-los com esperma em laboratório. Considerado inédito, o avanço pode abrir caminhos para que mulheres inférteis tenham filhos no futuro.

A técnica, no entanto, ainda está distante de ser disponibilizada para futuros pais. A equipe, liderada por pesquisadores dos Estados Unidos, alertou que o processo levará anos até se tornar acessível.

Especialistas de fora do estudo destacaram o potencial da pesquisa. Segundo eles, os resultados poderiam oferecer respostas para a infertilidade, condição que afeta uma em cada seis pessoas em todo o mundo.

Reprodução para mulheres mais velhas e casais homoafetivos

Paula Amato, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon, explicou à AFP que a abordagem de gametogênese in vitro permitiria ampliar as possibilidades reprodutivas.

"Também permitiria que casais do mesmo sexo tenham um filho geneticamente relacionado aos dois membros", afirmou.

Nos últimos anos, o campo já registrou avanços significativos. Em janeiro, por exemplo, cientistas japoneses criaram camundongos com dois pais biológicos. O estudo atual, publicado na revista Nature Communications, representa um marco adicional ao utilizar DNA humano em vez de DNA de camundongo.

Como foi feito o experimento

Os cientistas extraíram o núcleo de células da pele humana e o transferiram para óvulos doados, previamente esvaziados de seus núcleos. Essa técnica, chamada transferência nuclear de células somáticas, foi a mesma usada em 1996 para clonar a ovelha Dolly.

desafio, entretanto, estava na diferença de cromossomos: células da pele têm 46, enquanto os óvulos contêm apenas 23. Para corrigir o problema, os pesquisadores desenvolveram um processo batizado de "mitomeiose", que imita a divisão natural das células e elimina o excesso de cromossomos.

Com isso, foram criados 82 ovócitos, que foram fertilizados por meio de fecundação in vitro (FIV). Após seis dias, menos de 9% dos embriões alcançaram o estágio de desenvolvimento em que, hipoteticamente, poderiam ser transferidos para um útero.

Avanço promissor, mas ainda distante

Apesar do progresso, os embriões apresentaram anomalias, o que levou à interrupção do experimento. Amato destacou que o maior desafio é “obter óvulos geneticamente normais com o número e a combinação correta de cromossomos”.

Mesmo assim, ela se mostrou otimista: “É cedo demais para saber qual método será mais bem sucedido. De qualquer forma, ainda estamos a muitos anos disso”. A pesquisadora estima que a técnica possa estar disponível em cerca de uma década.

O estudo também chamou atenção de especialistas internacionais. Para Ying Cheon, pesquisadora da Universidade de Southampton, no Reino Unido, trata-se de um resultado animador: “É um avanço emocionante, que poderia algum dia abrir o caminho para a criação de células similares aos ovócitos e espermatozoides para quem não tem outra opção”.

Por fim, os autores destacaram que todo o trabalho seguiu as diretrizes éticas em vigor nos Estados Unidos para o uso de embriões.

diariodonordeste.verdesmares.com.br

Cariri Ativo

01.10.2025