Morango rosa também entra em análise.
Conforma a pasta, já foi firmado um memorando de entendimento, no início de outubro, com a empresa estadunidense Emco Cal, uma das principais do mundo no cultivo de berries (amoras, framboesas, mirtilos e morangos).
O acordo entre o Governo do Estado e a empresa prevê introdução e testes de "uma nova gama de variedades de morango, mirtilo, framboesa e amora preta". A iniciativa será inicialmente implementada na Serra da Ibiapaba, em cidades a serem definidas.
"A Emco Cal será responsável por trazer a genética das novas variedades ao Ceará. O Governo do Estado, por sua vez, fará o trabalho de difusão de tecnologia em relação às variedades mais produtivas, além de acompanhar experimentos e realizar interlocução com agricultores locais para implementação dessas culturas", explica a pasta.
Além do morango branco, a empresa vai testar no Ceará a variedade "cupla" de mirtilo, fruto também chamado de blueberry.
"Inicialmente, os testes serão feitos na Ibiapaba, mas depois vamos fazer no Cariri e em outras regiões, porque com a gama de produtos que a empresa tem, permite que possamos fazer testes em vários locais para ver a adaptação dessas variedades", enfatiza Sílvio Carlos Ribeiro, secretário-executivo do agronegócio da SDE.
Produtora em Guaraciaba do Norte, Mororango também vai estudar morango branco
O morango foi um dos temas centrais do Coalizão Agro Ibiapaba, evento realizado em Guaraciaba do Norte, na Serra da Ibiapaba, e que reuniu produtores e especialistas no agronegócio cearense.
O Ceará conta atualmente com uma produção ainda tímida do fruto na comparação com outras regiões do País, mas a expertise adquirida em propriedades da Mororango, como no Sítio São Félix, em Guaraciaba do Norte, será decisiva para também começar a plantar morango branco.
A empresa é um empreendimento familiar tocado pelos irmãos Mauro e Felipe Mororó. O projeto é recente, do ano passado, mas a produção já apresenta sinais maduros: 200 quilogramas (kg) mensais de frutos por mês.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, Mauro Mororó explica que, no caso da produção deles, a muda de morangueiro é plantada, e o ciclo produtivo dura um ano. "Em cada ciclo, produzimos em média 500 gramas por planta, o que representa cerca de 2,5 toneladas por ciclo no cultivo de 5 mil mudas".
"O morango é uma cultura de alto valor agregado, tanto pela produtividade quanto pelo preço de mercado. Além disso, permite produção intensa em áreas menores. Na nossa região, tem demanda crescente por morangos, já que a maioria dos frutos comercializados vem de outros estados. Produzindo localmente, conseguimos oferecer morango mais fresco, com maior durabilidade e sabor diferenciado", expõe.
Morango rosa também é avaliado
De olho nos estudos da Emco Cal, a Mororango também deve trazer, a partir de 2026, mudas de morango branco para plantar em Guaraciaba do Norte. Mauro Mororó aponta que o fruto "é uma aposta para diversificar o portfólio e despertar a curiosidade do consumidor".
"Em 2026, iniciaremos os testes para identificar qual variedade se adapta melhor à nossa região. Além de seu visual exótico e sabor mais suave, ele representa uma oportunidade de inovação e de agregação de valor".

Outra variedade de morango ainda mais desconhecida do que o fruto branco, o morango rosa pouco a pouco começa a ser notado pelos produtores brasileiros. Para o diretor comercial da Mororango, trata-se uma oportunidade a mais de agregar valor ao fruto.
Buscamos mostrar que o Ceará tem potencial para produzir variedades de morango de qualidade, inclusive as mais raras. Queremos que o consumidor local tenha acesso a novas experiências, sem precisar buscar produtos fora do Estado. O morango rosa é uma possibilidade interessante, e estamos atentos às novidades para continuar inovando".
Quais são as diferenças dos morangos branco e rosa?
Além da tonalidade dos morangos serem distintas, os três morangos têm diferenças que vão de sabor a aroma, além de questões de plantio e genética, que os diferenciam. O morango tradicional, vermelho, tem sabor doce, porém com acidez mais presente.
O branco, por sua vez, tem a polpa com ausência, dentre outros compostos, de antocianinas (substância que dá o pigmento vermelho ao morango), mas tem sementes vermelhas.
Algumas das espécies são chamadas de pineberry, ou em tradução livre, morango-abacaxi. Recebem esse nome pelo fato de o aroma e o sabor lembrarem o abacaxi, além de serem mais adocicadas.
Nas informações disponibilizadas no site da Emco Cal, a empresa tem a espécie Florida Pearl, variedade única do Programa de Melhoramento Genético da Universidade da Flórida (EUA), como a que deve ser estudada na Serra da Ibiapaba.
A Emco Cal especifica que esse morango branco da empresa se caracteriza por não ser transgênico, completamente branco - por dentro e por fora -, de alto rendimento e muito resistente a doenças e pragas.

Já o morango rosa é resultado do cruzamento entre os frutos vermelhos e os brancos, com tons variados. A fruta rosa é também mais caudalosa.
As mudas de morango branco de Estiva, assim como as rosas, ganham vantagem por serem mais resistentes ao clima, uma vez que o município está em área montanhosa, assim como Guaraciaba do Norte, a mais alta do Ceará.
Como está a produção de morango no Ceará?
Ao contrário de outros cultivos, como maracujá e batata-doce, o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) da Produção Agrícola Municipal (PAM) não tem resultados atualizados anualmente relativos à produção de morango, seja em nível de município, estado, região ou País.
Isso só deve ocorrer a partir de setembro de 2026, quando, segundo Carlos Alfredo B. Guedes, gerente de Agricultura do IBGE no Ceará, será divulgada a produção do fruto referente a 2025.
A única pesquisa que fala sobre a produção do fruto é o Censo Agropecuário, cujo último foi realizado em 2017. Naquela ocasião, o Ceará produziu somente 447 toneladas, mas os números possivelmente estão defasados em virtude do crescimento expressivo das plantações, em especial na Serra da Ibiapaba.
"É o início de trazer uma nova agregação de valor aos produtos do Ceará. A expectativa é que a iniciativa, ao envolver instituições acadêmicas e de pesquisa, promova a inovação e o desenvolvimento de culturas de alto valor agregado no agronegócio cearense”, enfatiza Sílvio Carlos Ribeiro.
"Em breve, vamos ter uma produção grande das berries. O café vai se expandir, a pimenta-do-reino, que tem um case interessante e queremos trazer para a região da Ibiapaba como um todo. Podemos produzir mais folhas, além de açaí e cacau, que temos apostado bastante", completa.

Minas Gerais é reconhecido como o estado que mais produz morango no Brasil. Dados do governo mineiro apontam que a produção anual do fruto chega a aproximadamente 185 mil toneladas.
Para Mauro Mororó, as cidades da Serra da Ibiapaba reúnem as condições climáticas ideais que possam levar o Ceará a se destacar na produção de morango na região, seja utilizando cultivos tradicionais ou outras técnicas, como a hidroponia.
"Com o avanço de tecnologias como o cultivo em substrato e o uso de variedades adaptadas, é possível tornar essa cultura cada vez mais viável e rentável na nossa região. Nosso objetivo é contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva, incentivando novos produtores e mostrando que é possível produzir morango de alta qualidade na serra cearense", defende.
O repórter viajou a Guaraciaba do Norte a convite do Coalizão Agro Ibiapaba.
diariodonordeste.verdesmares.com.br
Cariri Ativo
11.11.2025


