Influenciador disse em depoimento que gravações mostravam apenas rotina e dança.
No relato à Justiça, Hytalo afirmou sentir-se injustiçado pela acusação. Ele também negou que as gravações tivessem cunho sexual e disse que os conteúdos exibiam apenas o cotidiano e coreografias típicas do brega funk, ritmo popular na periferia.
“Eu nunca cheguei a gravar vídeos com cenas pornográficas nem com cunho sexual. E a gente só gravava a nossa rotina com a cultura de periferia, que é de onde eu venho. Entre Recife e João Pessoa, o ritmo mais escutado hoje, daqui, produzido e está no Brasil inteiro, do ritmo de brega funk. Que as coreografias e os passos usados, por alguns, é visto com esse olhar. Mas para a gente que é da periferia é arte”, disse.
O promotor questionou Hytalo sobre a leitura que o público fazia das gravações, citando comentários que poderiam sugerir teor sexual. “Nesses vídeos, o senhor nunca viu, então, comentários que denotavam que aquela pessoa que estava vendo intuiu daquele vídeo um conteúdo sexualizado, erótico, pornográfico,” perguntou.
Hytalo respondeu dizendo que não acompanhava cada mensagem devido ao grande volume. "Como nossos vídeos tinham muita repercussão, vossa excelência, os comentários chegavam a ter 20 mil comentários, 30 mil comentários. E a maioria dos comentários era baseado na força de cada personagem, como era visto por eles", afirmou.
Renda vinha de ações publicitárias
Ele também negou ter recebido remuneração das plataformas pelas publicações com adolescentes, alegando que sua renda vinha de ações publicitárias e rifas autorizadas. Em outro momento, ao ser perguntado pelo juiz se os jovens eram pagos pelo trabalho, declarou: "Os pais eram, mas não por obrigação, não por combinado, eu me sentia no direito de fazer por eles".
Além do influenciador e de seu marido, quatro ex-funcionários foram ouvidos. Entre eles, dois policiais militares que atuavam como seguranças do casal. Os depoentes disseram nunca ter considerado pornográficas as cenas registradas, embora tivessem acesso limitado à casa onde parte dos vídeos era gravada.
Prisão após repercussão de vídeo
A investigação ganhou força após um vídeo do influenciador Felca viralizar em agosto, apontando a suposta “adultização” de menores. A repercussão levou o GAECO, do Ministério Público da Paraíba, a solicitar a prisão preventiva de Hytalo e Israel. Eles foram detidos em São Paulo e transferidos para a Paraíba, onde permanecem presos. O pedido de soltura feito pela defesa foi rejeitado pela Justiça.
O advogado Sean Kombier Abib reforçou a tese de que não houve prática criminosa. “Eles podem ser vistos como sensuais, mas a lei não criminaliza o ato sensual. Ela criminaliza o ato pornográfico. E a pornografia não está demonstrada", disse.
Paralelamente, o casal responde a uma ação do Ministério Público do Trabalho, que os acusa de comandar um esquema de tráfico de pessoas para exploração sexual e de submeter menores a condições análogas à escravidão. Esse processo ainda aguarda manifestação da defesa.
diariodonordeste.verdesmares.com.br
Cariri Ativo
02.12.2025


