Ambos participaram de reunião de emergência com a presidência do PL para conversar sobre crise.
A reunião emergencial da cúpula do PL, realizada nesta terça-feira (2), terminou em desvantagem para o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB), que estava em articulação para ser candidato a governador do Ceará com o apoio do partido. Segundo o deputado federal e presidente estadual do PL, André Fernandes, as tratativas foram suspensas após o encontro.
A crise instaurada por críticas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro à possível composição levou a um acerto de contas na sede do PL, em Brasília, com a presença do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ); do líder do partido no Senado, Rogério Marinho (RN); e do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
A mudança de planos também foi confirmada pela sigla, que publicou nota sobre o teor da reunião. Segundo o texto, a aparente trégua entre os correligionários contou com reunião prévia entre Michelle e André, momento no qual “conversaram, oraram juntos e, em seguida, esclareceram as questões relacionadas ao evento do último final de semana”.
Como saldo, André Fernandes "continua encarregado de buscar uma alternativa viável, que respeite os valores e princípios ligados à direita conservadora e que aumente as chances de derrotar o projeto da esquerda no estado". Em contrapartida, as conversas com o PSDB estadual foram suspensas. "A estratégia a ser adotada pelo PL será definida após a análise e a aprovação, por parte da cúpula nacional e da presidência estadual do partido, das alternativas e projetos que serão apresentados pelo deputado", completa a nota.
Na saída do encontro, o parlamentar comentou o recuo, sem antes reforçar que as negociações com Ciro começaram em outubro de 2024 e se intensificaram a partir de abril deste ano, com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro. A ideia era tê-lo como candidato a governador e lançar o seu pai, o deputado estadual Alcides Fernandes (PL), à Casa Alta.
Houve, como falou aqui o Flávio, um ruído de comunicação. A eterna primeira-dama Michelle Bolsonaro não estava, não teve ciência de toda a movimentação que foi feita. Mas o Flávio e o Marinho estava ciente, enfim, e acabou acontecendo aquilo que aconteceu no evento.
Já Michelle se pronunciou pelas redes sociais. Pelos Stories do Instagram, publicou foto com o deputado e disse: "Com oração, conversa sincera e união, o Brasil tem solução".

O PontoPoder buscou o ex-ministro Ciro Gomes e, novamente, o deputado André Fernandes para esclarecimentos sobre a relação entre ambos daqui em diante. Até o momento, não houve retorno.
Decisões precipitadas
O dirigente estadual do partido recebeu uma "bronca" de Michelle durante o evento de lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao Governo do Ceará, em Fortaleza, no domingo (30).
No discurso, Michelle afirmou que André Fernandes e seus aliados "se precipitaram" ao articular aliança com Ciro para a disputa eleitoral em 2026. "Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, isso não dá", ressaltou.
Em resposta, Fernandes rebateu dizendo estar "só obedecendo Bolsonaro". Em entrevista após o evento, o deputado cearense disse que as articulações com Ciro foram autorizadas pelo ex-presidente, que teria inclusive conversado com o ex-ministro por telefone em maio. "Não aceito que venha alguém de fora dizer que é precipitado ou é errado", afirmou.
Na segunda-feira (1º), os três filhos mais velhos de Bolsonaro defenderam André Fernandes. Flávio disse que a atitude da madrasta foi "autoritária e constrangedora", enquanto Eduardo chamou o comentário de Michelle de "injusto e desrespeitoso".
Carlos admitiu preferir a pré-candidatura de Girão, mas reforçou, assim como os irmãos, que é preciso seguir a decisão de Bolsonaro. "Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai", disse. A fala foi reforçada pelo irmão: "A decisão final será, sempre, de Jair Messias Bolsonaro", disse Flávio.
Michelle, então, emitiu nota de esclarecimento na madrugada desta terça-feira (2), afirmando que não iria responder os enteados. Segundo ela, o objetivo é "lutar junto com eles" pela liberdade do ex-presidente. Ela pediu ainda que os enteados a entendessem e perdoassem. "Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho direito de expressar meus pensamentos", acrescentou.
A ex-primeira-dama disse que o marido não falou nada sobre ter aceitado a aliança com Ciro Gomes no Ceará. "Ainda que essa fosse a vontade de Jair", ela tem "o direito de não aceitar isso", completou.
diariodonordeste.verdesmares.com.br
Cariri Ativo
03.12.2025


