51,2% da população cearense está em municípios que não possuem salas de cinema (Foto: Divulgação)
A presença de aparelhos culturais nas cidades cearenses implica no acesso que moradores tem à cultura.
Por LUANA FAÇANHA/ ESPECIAL PARA O POVO
10.12.2019
10.12.2019
De acordo com números do Sistema de Informações e Indicadores Culturais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2018, 51,2% da população cearense está em municípios que não possuem salas de cinema. A Agência Nacional do Cinema (Ancine) levantou que apenas 10 municípios cearenses têm o equipamento voltado ao entretenimento. Os dados do IBGE abarcaram ainda a falta de acesso à cultura considerando sexo, cor ou raça, grupo de idade e nível de instrução.
Conforme os dados, pessoas com ensino fundamental incompleto, na faixa de zero a 14 anos, e as de cor preta ou parda apresentaram os piores cenários em relação ao acesso a aparelhos culturais e meios de comunicação. Quase 60% das pessoas com escolaridade mais baixa vivem em municípios sem salas de cinema, 38,1% em municípios sem museus e 38,6% em cidades sem teatro.
Ainda conforme o IBGE, 53,8% das pessoas de até 14 anos vivem em municípios com a ausência de cinemas. A população preta e parda apresenta também menos acesso a aparelhos culturais: 53,6% residem em municípios sem salas de cinema, 34,2% sem teatros e 34,6% sem museus.
Neste ano, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi “A democratização do acesso ao cinema no Brasil”, deixando os aparelhos culturais em evidência. Mesmo sendo o 16º na lista da média de habitantes por sala de cinema (91,6 mil habitantes para cada sala de cinema), no Ceará, 93% dos municípios não têm o equipamento de entretenimento. A maior parte das salas de cinema está concentrada em Fortaleza e na Região Metropolitana.
O professor de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e coordenador do Laboratório de Estudos da População (Lepop), José Neto, destaca que essas pesquisas são fundamentais para a elaboração de políticas de cultura e condições de acessibilidade de bens culturais para diferentes setores sociais. “O mercado de trabalho relacionado ao setor cultural no Brasil mostra que o total de ocupados aumentou 20,8% entre 2007 e 2013, mas recuou 11,3% entre 2013 e 2017. Os dados revelam os impactos da crise econômica nesse setor, apesar do saldo positivo de 129,9 mil novas ocupações entre 2007 e 2017.”
José explica que o mercado registra a expansão da informalidade e as diferenças de renda entre homens e mulheres. “As mulheres ainda ganham apenas 67,8% do salário dos homens nas atividades culturais. No caso do Ceará, foram 34.449 ocupados assalariados em 2017, representando um incremento de 11,2% relativo a 2007, mas ainda muito distante dos espaços nacionais que concentram as atividades do setor.”
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