Autor Levi Aguiar
O Ceará é o quarto estado brasileiro com maior número de mortes violentas intencionais, atrás apenas do Amapá, Bahia e Amazonas, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. Para o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Sandro Caron, o Ceará ainda deve levar anos para reduzir esse índice. O secretário deu entrevista à jornalista Rachel Gomes, na rádio O POVO CBN, nesta quarta-feira, 27.
Em relação ao Anuário publicado em 2021, o Estado havia registrado o maior índice de mortes violentas intencionais no Brasil. “O Ceará é um estado menos violento. O que mostra isso é essa redução de homicídios de 29% ao longo de quatro anos, mas sabemos que ainda temos muito a avançar", afirma Caron. "O trabalho de segurança pública se faz um dia de cada vez, e estamos no meio do caminho. E sim, levaremos vários anos ainda para reduzir esses números". Para o secretário, "qualquer pessoa que disser que resolve o problema da segurança pública de um dia para outro está mentindo."
Os crimes violentos contra o patrimônio também tiveram redução. Segundo o Anuário, a redução foi de 21% em relação ao último ano. “Isso é produto das investigações da Polícia Civil, do aumento da intensidade de ações operacionais da Polícia Militar, além do uso de ferramentas tecnológicas como o videomonitoramento. Atualmente o Ceará tem mais de três mil câmeras a serviço da segurança pública.”
Quadrilha especializada em furtos de pneu na Maraponga
Na última semana, condutores de automóveis denunciaram furtos de pneus em Fortaleza nos bairros da Maraponga e Parquelândia, em Fortaleza. A Polícia Civil investiga os casos. Caron conta que por questões de sigilo, detalhes da operação não poderão ser divulgados no momento. “Essas quadrilhas pontuais são trabalhadas através de investigações. O intuito é mapear todos os integrantes e produzir provas que levem a pedidos por prisão preventiva ou temporária [dos envolvidos].”
“De toda forma, o Ceará teve uma redução de 20% no número de roubo de veículos. Nós não focamos só em um crime para não descuidar dos demais. Qualquer pessoa que disser que resolve o problema da segurança pública de um dia pra outro e está mentindo. Nós sabemos que ainda temos que avançar, temos que reduzir mais esses números de crimes violentos. O importante é estarmos com reduções. O que mostra que estamos no caminho certo e que estamos hoje no meio desse caminho.”
Adolescente de 16 anos morto por ação policial
O adolescente de 16 anos, Paulo Vitor, foi morto durante uma intervenção policial na rua Tancredo Neves, no bairro Mondubim, em Fortaleza. O caso foi registrado no último domingo, 24. Militares alegam que tiros foram disparados em legítima defesa, mas família contesta versão policial. Sobre essa situação, o secretário informou que os órgãos competentes apuram o caso.
"Toda vez que ocorre uma morte decorrente de intervenção policial, a Polícia Militar faz uma apuração através da coordenadoria de polícia judiciária militar. Em relação a esse caso em específico, a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) instaurou um procedimento para apurar o ocorrido nesse caso. Além disso, as armas foram recolhidas para fins de perícia e uma investigação é realizada. Só ao término dessas apurações é que se forma um juízo de valor para que se possa dar uma resposta à sociedade."
Câmeras nas fardas do militares
Em relação à instalação de câmeras nas fardas dos policiais militares para gravar o agente enquanto ele está em serviço, Sandro diz que houve a instalação de uma comissão interna para elaboração de um estudo técnico para subsidiar o processo de compra dos aparelhos. Espera-se que até o mês de agosto, os resultados das pesquisas estejam concluídos.
“A Polícia Militar instaurou uma comissão para estudar essa medida. O intuito é que seja feito um estudo técnico em relação a eficácia dos equipamentos e o custo-benefício para avaliar a possibilidade. Estamos buscando estatísticas em outros estados em que houve a implementação. É importante avaliar também o custo não só dos equipamentos em si, mas também da manutenção e do armazenamento dos dados disponibilizados pelos equipamentos. Atualmente estamos aguardando a conclusão desses estudos.”
Facções no Ceará
Por fim, o secretário detalhou sobre o papel da SSPDS no combate às facções. "O trabalho na segurança pública é muito técnico. O que a gente vem procurando fazer é enfraquecer as facções criminosas, através de uma estratégia que nós trouxemos da Polícia Federal. Inicialmente, você prende as principais lideranças do crime organizado. Dos três grupos que atuam no Ceará, as principais lideranças estão todas presas no sistema penitenciário do Estado ou em presídios federais."
"Simultaneamente a isso, temos que realizar a asfixia financeira. Esse termo é usado para indicar uma repressão ao tráfico de drogas, caracterizado como a principal fonte de renda do crime organizado. Também precisamos fazer investigações patrimoniais, em que se consiga localizar recursos de espécie (dinheiro em contas bancárias, veículos e imóveis) que tenham sido adquiridos através do crime. A Polícia Civil, ao longo dos últimos anos, conseguiu o sequestro de mais de 180 milhões de reais em bens e dinheiros adquiridos pelo crime organizado", disse.
opovo.com.br
29.07.2022