Yanne Vieira
Em 2019, apenas 18,8% dos brasileiros obtiveram orientações de excelência para lidar com a hipertensão, seis anos antes, embora também seja considerada ruim, a taxa era de 25,3%. Os dados são de estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), publicado no último dia 27, na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde (RESS).
Foram utilizadas informações das edições de 2013 e 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), de pessoas com 18 anos ou mais com o diagnóstico de hipertensão.
A pesquisa considerou como cuidado adequado da doença, se os pacientes ouviram recomendações dos médicos e outros profissionais de saúde sobre: manter uma alimentação saudável; peso adequado; ingerir menos sal; praticar atividade física; não fumar; não ingerir bebida alcoólica em excesso e fazer acompanhamento regular. A solicitação de exames, como de urina, sangue, eletrocardiograma e teste de esforço, também foi considerada como um indicador da adequação do cuidado.
Os autores concluíram que quanto melhor a classificação econômica, melhor cuidado foi dispensado para quem tem hipertensão. Apenas 9% dos pacientes mais pobres da PNS de 2019 receberam cuidados adequados; enquanto entre os de classe social mais alta o número sobe para 33%.
O estudo aponta, ainda, a distribuição geográfica do recebimento de cuidados adequados, nos dois períodos: Nordeste (20% em 2013 e 13,7% em 2019); Norte (22,5% e 17,4%); Sudeste (27,9% e 20,5%); Sul (22,5% e 19,7%) e Centro-Oeste (27,4% e 24,6%).
“Estamos falando do tempo pré-pandemia. Então, no macro, identificamos diversas possíveis causas, tais como: a Emenda Constitucional 95 que cortou importantes recursos para o Sistema Único de Saúde e a promulgação da nova versão da Política Nacional de Atenção Básica – responsável por mais de 70% dos atendimentos principalmente para a população mais vulnerável”, informa Elaine Tomasi, epidemiologista e uma das autoras do artigo,
A especialista acredita que o investimento na educação continuada e melhores condições de trabalho para os profissionais de saúde podem aumentar o índice de cuidados adequados. “Se você fortalece o provimento dos profissionais de saúde, o benefício não é apenas para os hipertensos. Estende a todos os pacientes com doenças crônicas e não crônicas”, recomenda Tomasi.
A pesquisa também analisou aspectos como raça, sexo, idade e se o atendimento foi realizado em serviços públicos ou privados de saúde. Indivíduos de melhor nível socioeconômico apresentaram prevalência de cuidado adequado 2,54 vezes maior em 2013, e 3,53 vezes maior em 2019, em relação aos de menor nível socioeconômico.
miseria.com.br
11.07.2022