CE tem escolas com aulas adiadas ou encerradas cedo por falha na lotação de professores; Seduc fala em questões pontuais - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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CE tem escolas com aulas adiadas ou encerradas cedo por falha na lotação de professores; Seduc fala em questões pontuais

CE tem escolas com aulas adiadas ou encerradas cedo por falha na lotação de professores; Seduc fala em questões pontuais

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Legenda: O governador Elmano de Freitas anunciou que estará, nesta quinta-feira (6), dando boas-vindas aos alunos na EEMTI Deputado Paulo Benevides
Foto: José Leomar

Ano letivo teve início, oficialmente, nesta quarta-feira (5). Docentes denunciam que algumas unidades retornaram com déficit de profissionais.



Os problemas na lotação dos professores temporários aprovados na seleção da Secretaria Estadual da Educação (Seduc) têm interferido na volta às aulas de escolas públicas do Ceará. Em algumas unidades, como o Colégio do Corpo de Bombeiros, o retorno foi adiado; e outras retornaram com déficit no quadro de profissionais, inclusive tendo que liberar alunos mais cedo. O Governo do Estado confirma que “houve ajustes” nas atividades de algumas unidades por “questões pontuais”, mas não informou em quantas escolas isso ocorreu.

As aulas da rede completa, que deveriam ter sido iniciadas no dia 3 de fevereiro, já haviam sido adiadas para esta quarta-feira (5). Apesar dos impasses, o governador Elmano de Freitas anunciou que estará, nesta quinta-feira (6), dando boas-vindas aos alunos na Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Deputado Paulo Benevides, às 8h.

Além de alunos afetados, o Diário do Nordeste conversou com trabalhadores da educação, que denunciaram a situação em algumas unidades escolares estaduais de Fortaleza e da Região Metropolitana (RMF). Eles não serão identificados.

A diretora de uma escola estadual de tempo integral de Fortaleza informou que a falta de professores “é um processo natural de começo de ano” — mas que, em 2025, foi reforçado pelos “problemas no novo sistema de contratação de temporários”.

“O retorno foi adiado do dia 3 para o dia 5, e voltamos. Estamos sem alguns professores? Estamos, mas estamos funcionando”, relatou a gestora.

A situação se repete em outra escola estadual, localizada em município da RMF. Segundo um professor de lá, as aulas iniciaram, mas com carência de docentes. “Tem turmas sem aulas por causa disso”, frisou o profissional, reclamando que os problemas na lotação continuam.

“Tem muitos relatos de professores indo às escolas e a coordenação pedagógica sem querer adequar os horários de disposição das aulas (para recebê-los). A Seduc, quando procurada, só dá respostas genéricas”, critica o docente.

Estudante em aula
Legenda: A Seduc ainda confirmou que “houve ajustes” em algumas unidades por “questões pontuais”, mas não haverá prejuízo aos estudantes
Foto: Ismael Soares

Já o Colégio Militar do Corpo de Bombeiros (CMCB), em Fortaleza, chegou a publicar nas redes sociais, nessa terça-feira (4), um informe de adiamento da volta às aulas, atraso que a própria instituição atribuiu aos problemas na lotação dos temporários. A publicação foi apagada.

Um dos professores selecionados no processo da Seduc para temporários afirmou que, até a manhã desta quarta-feira (5), o sistema que indica as opções de lotação a serem escolhidas pelos profissionais mostrava carência de professores no CMCB.

A reportagem teve acesso a uma lista de algumas das escolas que, segundo professores, estão com problemas para iniciar o ano letivo de forma plena e com quadros completos. Em parte delas, o retorno foi escalonado:

  • EEFM Professor Aloysio Barros Leal, em Fortaleza;
  • EEMTI José Maria Pontes da Rocha, em Caucaia;
  • EEMTI Casimiro Leite de Oliveira, em Pacatuba;
  • EEMTI Manuel Ferreira da Silva, no Eusébio;
  • EEM Professora Francisca Linhares de Sousa, no Eusébio;
  • EEMTI Adalgisa Bonfim Soares, em Fortaleza;
  • EEMTI Rui Barbosa, em Maracanaú;
  • EEMTI Albaniza Sarasate, em Maracanaú;
  • EEM Alice Moreira de Oliveira, em Caucaia.

Um estudante do Ensino Médio na Escola Aloysio Barros Leal, no Barroso, em Fortaleza, precisou sair mais cedo já no retorno às aulas por “falta de professores”. “Sem professores vai sim (prejudicar o andamento das aulas) e ficamos sem ensinamentos”, comenta. 

“Hoje foi o primeiro dia de aula, eles comunicaram que vai ter professores, que já estão providenciando isso”, conta sobre o aviso dado em cada sala de aula. Não foram detalhadas quais disciplinas podem ser afetadas pela falta de docentes.

Outro aluno da mesma escola relatou que teve três das seis aulas programadas, e a turma foi liberada às 9h30, enquanto o turno deveria terminar às 12h20.

Anízio Melo, presidente do Sindicato dos Professores e Servidores da Educação e Cultura do Estado e Municípios do Ceará (Apeoc), contextualiza que as vagas dos professores temporários são geradas por afastamentos de saúde ou para capacitação e relacionada aos docentes com cargos de direção e coordenação, por exemplo.

“Estamos acompanhando desde o início do ano letivo e não há um balanço geral (das escolas impactadas), mas o que temos hoje, de acordo com nossos regionais e representantes, é que há carências pontuais, como todo início de ano letivo, sendo que o sistema estabelecido é quase automático e a lotação dos professores vai ser contínua”, pondera.

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Em meio à demora para a lotação dos profissionais, a Apeoc propõe a criação de uma comissão. “Estamos articulando com a Secretaria da Educação para que haja uma comissão de acompanhamento, tanto para suprir carência por desistência de professores e para que não tenha nenhum tipo de intervenção política”, explica.

Em nota enviada à reportagem, a Seduc informou que, até esta quarta-feira (5), mais de 90% dos professores já iniciaram as atividades nas escolas. Os outros quase 10% ainda não tiveram as lotações consolidadas “e seguem sendo alocados conforme a necessidade de cada unidade de ensino, priorizando a transparência do processo”.

A Pasta ainda confirmou que “houve ajustes” em algumas unidades por “questões pontuais e em consonância com a comunidade escolar”. Conforme a Seduc, essa adequação não trará prejuízo aos estudantes, pois o calendário seguirá sendo cumprido integralmente, garantindo os 200 dias letivos previstos.

Denúncias sobre a seleção

Na última sexta-feira (31), o Diário do Nordeste noticiou denúncias feitas pelos docentes que participaram da seleção de professores temporários para a rede estadual do Ceará. Uma das principais queixas foi que, durante a avaliação dos títulos, o instituto responsável pela realização do certame zerou ou invalidou documentos sem fornecer explicação.

Também houve reclamações sobre a lotação, que teve início cinco dias após o previsto e foi marcada por instabilidades na plataforma. Nessa etapa, os editais com as carências escolares são divulgados e ficam abertos durante 48 horas para que os professores possam se inscrever. Nos últimos dias do procedimento, docentes relataram que as inscrições haviam desaparecido do sistema. 

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Cariri Ativo

06.02.2025