Em busca do ouro perdido: cearenses ganham dinheiro 'caçando' joias nas praias, mas há regras - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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Em busca do ouro perdido: cearenses ganham dinheiro 'caçando' joias nas praias, mas há regras

Em busca do ouro perdido: cearenses ganham dinheiro 'caçando' joias nas praias, mas há regras

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Legenda: O que começou como hobby tem se tornado renda extra para psicólogo de 36 anos
Foto: Arquivo Pessoal

Alianças são os objetos mais perdidos e que podem gerar boas recompensas para quem encontra.


Escrito por
Paloma Vargaspaloma.vargas@svm.com.br


Quem nunca quis encontrar um tesouro perdido? Nas histórias e lendas, baús com joias e moedas de ouro são cobiçados por todo aquele que imagina a sua existência. Na vida real, quem tem essa vontade de ser descobridor de objetos valiosos pode ser chamado de detectorista.

Seja por passatempo ou para ganhar uma renda extra, o movimento de detectorismo vem crescendo no Brasil. Nas praias aqui do Ceará já é possível ver pessoas usando detectores de metais em uma espécie de “caça ao tesouro”.

Muitos oferecem o serviço de resgate de objetos, como joias e celulares, ainda no boca a boca ou, timidamente, nas redes sociais. Porém, há quem use o detector de metais como trabalho e saia, na maré baixa, a procurar objetos que possa vender e ganhar dinheiro. Nas duas situações, é o ouro o metal precioso mais cobiçado.

Aparelho detector de metal e uma aliança encontrada na praia
Legenda: Aparelho detector de metal e uma aliança encontrada na praia
Foto: Arquivo Pessoal

O assunto causa certa desconfiança e, a maioria das pessoas que trabalha com detectorismo ou que precisou do serviço, prefere não se identificar. Esse foi o caso de um advogado de 48 anos, que perdeu sua aliança na praia, no Porto das Dunas, em Aquiraz. Por ter valor afetivo e financeiro (já que o anel era avaliado em cerca de R$ 8,5 mil), ele procurou quem pudesse tentar resgatar o objeto na areia e até ofereceu recompensa para quem a achasse.

Após uma indicação, ele chegou a um detectorista que cobrou R$ 100 para ir até o local fazer a busca e se achasse, o serviço completo teria um custo de R$ 300.

“Fiquei sabendo desse serviço já tinha passado algum tempo e, infelizmente, não recuperei a minha aliança. Porém, se eu soubesse dessa possibilidade de busca no dia, quem sabe, tivesse recuperado”, desabafa.

mão segura aliança
Legenda: Aliança foi perdida em praia de Porto das Dunas e dono oferece recompensa por quem encontrar
Foto: Arquivo Pessoal

Depois de cinco anos, anel voltou para o dedo

Diferente do advogado que perdeu sua aliança no Porto das Dunas, quem trabalha com detectorismo coleciona, além de objetos, histórias de recuperação de memórias afetivas. Na Praia do Futuro, um detectorista, após cinco anos, conseguiu encontrar a aliança de uma mulher. Nesse caso, a certeza dela no local em que perdeu, que era no mar, em frente a uma barraca específica, fez toda a diferença.

Agora, além das praias, as quadras de beach tennis também são locais de trabalho para quem faz resgate e muitos profissionais têm feito esse relacionamento com os funcionários dos locais, para oferecerem os seus serviços a quem perdeu algum objeto de valor.

Curiosidade se tornou renda extra

Psicólogo clínico de formação, um homem de 36 anos tem o detectorismo como hobby de estudo e pesquisa desde jovem. Porém, somente no ano passado iniciou a prática ativamente e fez o perfil @resgatedejoias nas redes sociais para divulgar o serviço. Na sua experiência, 80% dos contatos que recebe é para resgate de aliança.

“Trabalho no formato de recompensa. Ou seja, só é pago se o item for encontrado. O valor é fixo para joias como anéis, colares, pulseiras, alianças e brincos”. 

detector de matais e aparelho de celular
Legenda: Aparelho celular foi encontrado por detector de metal em praia
Foto: Arquivo Pessoal

O detectorista explica que no caso de itens maiores, como eletrônicos ou outros objetos, cobra 20% do valor estimado do item. Além disso, se o resgate for em um local a mais de 5 km de onde ele está, é acrescido um valor de deslocamento.

“O contato pode ser feito a qualquer momento. Somos especialistas em detecção de metais em qualquer tipo de terreno”. No caso do seu equipamento, ele conta que é possível identificar itens até 1,5 metro de profundidade e submersos até 5 metros. 

Em seu perfil de rede social exclusivo para este trabalho, é prometido precisão, confidencialidade e atendimento emergencial, entre outros pontos.

O psicólogo ainda lembra que, sem resgate programado, também sai para buscar “tesouros”. “O detectorismo sempre foi um hobby e a caça ao tesouro faz parte disso. Além de buscar histórias e conhecimento, gosto de ajudar as pessoas. Assim, também contribuo para a limpeza das praias, já que durante as buscas encontramos muito lixo, que acaba sendo removido”.

Detector de metais
Legenda: Aparelhos para detectar metais podem custar de R$ 500 a R$ 40 mil
Foto: Arquivo Pessoal

Os pares se conhecem

Atualmente, o homem faz parte de um grupo com cerca de 20 pessoas que residem no Ceará e praticam a ação, mas ele garante que os detectoristas são bem mais na região. “O trabalho geralmente é feito individualmente, mas sempre buscamos ajudar uns aos outros, seja com indicações, informações ou parcerias”.

Esse movimento de busca de objetos com detector de metais tem crescido nas redes sociais brasileiras e um jovem, morador de Balneário Camboriú (SC), é um dos maiores influenciadores do tema no país.

Mateus Natan detectorista de metais influencer
Legenda: Jovem morador de Balneário Camboriú (SC), Mateus Natan é influencer brasileiro sobre detectorismo
Foto: Arquivo Pessoal

Mateus Natan da Silva, 26 anos, atualmente, vive daquilo que resgata e dos patrocínios do seu perfil. Como meta, ele quer ganhar R$ 1 milhão com os objetos que encontra.

"Vou de 3 a 4 vezes por semana para a praia caçar tesouros. Além disso, faço resgates e cobro o meu valor, dependendo da ocasião".

A partir do hobby que praticava com o pai, o sucesso dos vídeos já trouxeram ao seu perfil do Instagram, "Em busca de um tesouro perdido", mais de 460 mil seguidores. Atualmente, inclusive, o jovem atua como uma espécie de "garoto-propaganda" e tem cupons de desconto em uma marca de equipamentos para a prática de detectorismo.

Sobre os equipamentos, os preços variam de R$ 500 a R$ 40 mil. Há quem diga que pescadores e pessoas que moram na região litorânea estão investindo nessa atividade, e conseguido se sustentar a partir da venda de objetos encontrados, principalmente de ouro, que está valorizado nos últimos tempos.

Homem usando detector de metais
Legenda: Maré baixa facilita o trabalho da busca por objetos na praia
Foto: Arquivo Pessoal

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Cariri Ativo

07.02.2025