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Camarão: Cristiano Maia investe R$ 300 milhões para ser o maior do país

Camarão: Cristiano Maia investe R$ 300 milhões para ser o maior do país

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Legenda: Foto aérea dos viveiros da Fazenda Potiporã
Foto: Divulgação

Com três fazendas de produção, duas no Ceará e outra no Rio Grande do Norte, o empresário cearense produz 1.500 toneladas de camarão por mês.


Escrito por
Egídio Serpaegidio.serpa@svm.com.br


Produzir camarão é um processo complicado e sofisticado. Esta coluna o conheceu em minúcias há uma semana durante visita de dia inteiro ao complexo da Fazenda Potiporã, no município potiguar de Pendência, integrante do Grupo Samaria, do empresário cearense Cristiano Maia, maior carcinicultor do país, que também tem mais duas fazendas em Beberibe e Paraipaba, no Ceará. Juntas, essas três unidades produzem, mensalmente, 1.500 toneladas de camarão.

Na implantação do seu complexo de carcinicultura potiguar e cearense, Maia investiu, nos últimos 8 anos, mais de R$ 300 milhões.

O processo de produção do camarão começa no moderno e grande laboratório da Samaria Camarões, onde são produzidas as larvas que nascem do acasalamento de machos e fêmeas e imediatamente são transferidos para um conjunto de quase 100 imensos tanques – também chamados de berçários – dos quais, 10 dias depois, já como pós larvas, são transportados para os viveiros, cada um dos quais ocupa uma área que varia de 3 a 10 hectares de espelho d’água, nos quais permanecem até alcançar o tamanho e o peso para a despesca. Na Potiporã, há 411 viveiros ocupando área de 1.521 hectares.

O ciclo do camarão, desde a eclosão do ovo até chegar ao mercado consumidor, é, em média, de 100 dias.

Os viveiros da Fazenda Potiporã são abastecidos com água do mar captada por um conjunto de 80 gigantes motobombas King, fabricadas em Fortaleza pela família Castro Alves, que tem clientes em todo o Nordeste. A captação se dá no longo canal que enche e se esvazia conforme o fluxo e o refluxo da maré – as águas do Atlântico estão a menos de 5 quilômetros de distância dos viveiros.

Cada viveiro dispõe de um conjunto de aeradores – equipamento que ajuda a oxigenar a água, sendo fundamental para a vida dos organismos e para o tratamento de efluentes. Na Potiporã – assim como em Beberibe e Paraipaba, um viveiro com 10 hectares de área chega a ter 20 aeradores. Como se observa, é alto o consumo de energia elétrica da Potiporã, cuja conta mensal de energia passa de R$ 1 milhão.

Quase diariamente, há despesca na potiguar Potiporã e nas duas unidades cearenses do Grupo Samaria. Na despesca, os camarões, de todos os pesos e tamanhos, são transferidos dos viveiros para enormes contêineres de fibra, que em seguida são levados para a recepção da indústria de beneficiamento, localizada na sede municipal de Pendência, onde 700 pessoas, a maioria mulheres, trabalham, sob rígidos padrões internacionais de higiene e segurança estabelecidos para a atividade industrial produtora de alimentos.

Cada contêiner é pesado antes de ter acesso à indústria. Depois, a carga de camarão inicia, por uma esteira rolante, um passeio que começa na sua lavagem, passa pela seleção – feita por hábeis mãos femininas, que retiram os indivíduos de tamanho inferior ao exigido – e segue, em pequenos depósitos de plástico, para a máquina selecionadora, que, como o nome sugere, separa os camarões por tamanho e peso.

Todo esse processo industrial de beneficiamento do camarão da Poitiporã é comandado, há 12 anos, por um cubano de 1,95 m de altura, 120 quilos de músculos e uma tonelada de simpatia e muito conhecimento sobre o que faz. Quando, em 2016, Cristiano Maia comprou a Potiporã da Queiroz Galvão por algumas dezenas de milhões de reais à vista, o enorme Reynaldo Pino Alvarez veio junto, e hoje é homem da mais absoluta confiança do dono da empresa.

Depois de selecionado, o camarão entra em outra esteira rolante, cai em novos depósitos de plásticos e são levados para uma nova esteira, ao longo da qual estão também vestidas de branco, literalmente da cabeça aos pés, 100 mulheres e pouquíssimos homens que fazem, manualmente, com faquinhas amoladíssimas, o rapidíssimo evisceramento de cada crustáceo. É a derradeira etapa do beneficiamento do camarão, que agora entra em mais uma esteira rolante que o leva a uma câmara fria, que o congela.

Assim congelado, o camarão chega a uma das câmaras frigoríficas da indústria, onde, sob uma temperatura de cinco graus centígrados, é embalado em caixas de papelão, cada uma das quais tem o nome do cliente. No dia e na hora da visita deste colunista, estava sendo embalada a encomenda de duas toneladas feita pela rede de restaurantes Villa Camarão, do Recife.

“Todo esse longo e minucioso processo é que garante a qualidade do que produzimos, e esta é a razão do sucesso da nossa empresa”, como disse Ítalo Mendes, engenheiro de pesca e responsável por todo o setor de produção da Potiporã. Foi ele quem mostrou ao empresário Jorge Parente, sócio e membro do Conselho de Administração da Alvoar (ex-Betânia) e à presidente do Lide Ceará, Emília Buarque – também presentes à visita à fazenda – a diferença entre o macho e a fêmea do camarão (as fêmeas possuem um corpo mais largo e arredondado, um abdómen mais volumoso com uma "sela" (os ovários) nas costas e utilizam os pleópodes para segurar os ovos; os machos têm um abdómen mais estreito, pinças menores e coloração semelhante ao corpo, e os primeiros pares de pleópodes são especializados para a inseminação, como ensina o Google).

O processo de produção e beneficiamento do camarão do Grupo Samaria é verticalizado: ele produz a larva, desenvolve o pós-larva, alimentando-o durante 100 dias até alcançar o peso e o tamanho exigidos pelo mercado. O grupo também produz a ração consumida pelos seus camarões, faz o seu beneficiamento e a sua embalagem. O transporte, feito em caminhões com carrocerias frigoríficas, é por conta do cliente.

Na composição da ração para o camarão, entram 22 insumos, incluindo, entre outros, a farinha de soja, que responde por 35%, e a farinha de trigo.

“Todas as vitaminas, todas, estão presentes na composição da ração para o camarão, que, ao ser consumido, tem de 19 a 26 gramas de proteína”, diz Cristiano Maia, que, sendo engenheiro civil e dono de uma grande empresa construtora e mantenedora de rodovias, a Samaria, também se especializou na carcinicultura, ocupando hoje a presidência da Camarão BR, entidade que reúne os maiores criadores de camarão do país, os quais respondem por 65% da produção nacional.

Quem consome o camarão brasileiro, 95% dos quais são produzidos no Ceará, no Rio Grande do Norte e no Piauí? Maia responde: “Todas as classes sociais. É um alimento bem democrático”, acrescenta ele.

O Grupo Samaria tem duas fábricas de ração para animais (cães, gatos, bovinos, equinos, caninos, peixes e camarão) – uma no Distrito Industrial de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, e outra na cidade pernambucana de Goiana, na BR-101, entre Recife e João Pessoa. Para atender à demanda que cresce na velocidade do frevo, Cristiano Maia está agora a investir pesado na sua ampliação e modernização. No fim deste ano, as duas unidades industriais passarão a produzir 10 mil toneladas de ração por mês.

Na produção do camarão – explica Ítalo Mendes – o maior custo é da razão, que representa 50% das despesas; 20% com pessoal; 15% com a larva e pós-larva e 15% com energia elétrica.

Por falar em energia elétrica: Cristiano Maia investiu “um bocado” na construção de uma subestação abaixadora de 69 KV na Poriporã, a qual foi inspecionada, aprovada e ligada pela Cosern, a empresa distribuidora de energia do Rio Grande do Norte. Apesar desse “caríssimo” equipamento, ele mantém, pronto para qualquer eventualidade, um conjunto de 4 grandes geradores de energia elétrica movidos a óleo diesel, “que, até agora, graças a Deus, não precisaram de ser ligados”.

diariodonordeste.verdesmares.com.br

Cariri Ativo

02.10.2025