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Paracetamol na gravidez não causa autismo, mostra estudo

Paracetamol na gravidez não causa autismo, mostra estudo

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Legenda: A comunidade científica denunciou as afirmações de Trump.
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil.

A falsa informação partiu do presidente dos Estados Unidos.


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Não há qualquer relação entre o consumo de paracetamol durante a gravidez e o surgimento de transtornos do espectro autista em crianças, conforme demonstra estudo divulgado nesta segunda-feira (10) pela revista britânica British Medical Journal (BMJ).

O estudo desmente a falsa informação do presidente dos Estados UnidosDonald Trump, que disse existir um vínculo, sem apresentar evidências científicas.

"Os dados atualmente disponíveis são insuficientes para confirmar um vínculo entre a exposição ao paracetamol no útero e o autismo, assim como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade durante a infância", concluiu o estudo.

A comunidade científica denunciou as afirmações de Trump, que pediu às mulheres grávidas que não tomassem paracetamol.

O medicamento, conhecido também pelas marcas Panadol ou Tylenol, é o analgésico de escolha para mulheres grávidas, ao contrário da aspirina ou do ibuprofeno, que apresentam riscos comprovados para o feto.

Após as declarações de Trump, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reiterou a ausência de um vínculo comprovado entre o medicamento e o autismo. O estudo publicado nesta segunda-feira reforça o consenso.
 

Entenda o estudo confiável 

O artigo da BMJ não é baseado em novas pesquisas, mas oferece o panorama mais completo e preciso até o momento sobre o estado do conhecimento do tema.

Trata-se de uma "revisão guarda-chuva", um trabalho que compila outros estudos que, por sua vez, tentaram fazer um balanço do conhecimento sobre este tema.

Vários especialistas elogiaram o estudo da BMJ.

"É baseado em uma metodologia de alta qualidade que confirma o que especialistas repetem em todo o mundo", opinou Dimitrios Sassiakos, professor de Obstetrícia na University College London, em um comentário ao Science Media Center britânico.

Como a relação causal foi descartada

Apenas estudos de qualidade "baixa" ou "extremamente baixa" sugeririram essa relação causal, segundo os autores do estudo publicado na BMJ.

A maioria não tomou precauções para excluir outros fatores, como as predisposições genéticas ou problemas de saúde da mãe.

Esses estudos, portanto, não oferecem muitos indícios sobre os verdadeiros mecanismos de causa e efeito.

Não permitem distinguir o que provém diretamente do uso de paracetamol e, por exemplo, das patologias que levaram a mãe a tomar um tratamento contra a febre ou a dor. 

Interpretação equivocada

As observações fazem referência, em particular, a um estudo publicado em 2025 na revista Environmental Health e frequentemente citado pelo governo Trump.

O estudo constatou uma correlação entre o consumo de paracetamol pela mãe e transtornos do espectro autista na criança, mas alertava, ao mesmo tempo, que não era possível concluir a existência de um mecanismo de causa e efeito. 

POSICIONAMENTO DA ANVISA

No Brasil, órgãos reguladores de saúde também se posicionaram. "Não há registro científico que comprove qualquer ligação entre o medicamento e o TEA”, informou em nota, no dia 24 de setembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Após a repercussão internacional, agências de saúde em diferentes países divulgaram comunicados tratando com cautela a suposta relação. No Brasil, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, não haver evidências científicas que sustentem essa associação.

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O Tylenol é causa do autismo? Mentira! Não existe nenhum estudo que comprove uma relação entre o paracetamol e o Tylenol com o autismo. A Organização Mundial de Saúde, a Anvisa, as principais agências internacionais de proteção à saúde, já deixaram claro: o paracetamol é medicação segura. Aliás, o autismo foi diagnosticado e identificado muito antes de existir paracetamol.
Alexandre Padilha
Ministro da Saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, nesta quarta-feira (24), que não existem evidências científicas conclusivas que relacionem o uso de paracetamol durante a gravidez ao autismo.

Em nota, a entidade ressaltou que todo medicamento deve ser utilizado com cautela nesse período e recomendou que gestantes sigam a orientação de profissionais de saúde.

“As causas exatas do autismo não foram estabelecidas, e entende-se que múltiplos fatores podem estar envolvidos”, destacou a OMS.

Quando a desinformação em saúde ganha força

A Anvisa também chamou atenção para os riscos da desinformação: "Por ser um transtorno complexo, com diferentes graus e manifestações, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) costuma ser alvo frequente de informações falsas ou distorcidas".

O caso do paracetamol não é o primeiro em que um medicamento é associado a supostos efeitos sem respaldo científico.

Durante a pandemia de Covid-19, a ivermectina ganhou notoriedade como parte do chamado “kit Covid”, apesar de não haver comprovação de eficácia contra o coronavírus.

diariodonordeste.verdesmares.com.br

Cariri Ativo

11.11.2025