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Homem que agrediu mulher após atraso de 10 minutos é preso em Juazeiro do Norte

Homem que agrediu mulher após atraso de 10 minutos é preso em Juazeiro do Norte

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Homem que agrediu mulher por atraso de dez minutos é preso em Juazeiro do Norte Crédito: Reprodução/ Arquivo pessoal
De acordo com a SSPDS, o homem de 28 anos foi preso preventivamente por suspeita de lesão corporal no contexto da violência doméstica e cárcere privado.

Autor Luíza Vieira

*Alerta de gatilho: este texto contém informações sensíveis sobre violência doméstica

Homem denunciado pela companheira por violência doméstica após ela se atrasar dez minutos para pegá-lo no trabalho, em Juazeiro do Norte, foi preso nesta segunda-feira, 28. O crime ocorreu no último dia 13, quando ela foi agredida com murros e socos pelo companheiro. 

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o homem, de 28 anos, foi preso preventivamente por suspeita de lesão corporal no contexto da violência doméstica e cárcere privado contra a companheira. No dia da agressão, a vítima foi encaminhada para uma unidade de saúde.

O POVO conversou com a vítima, que detalhou como o crime aconteceu. Ela não será identificada por motivos de segurança e para preservar a identidade do filho. 

A vítima retornou ao dia da agressão enquanto narrava como o episódio ocorreu. De acordo com ela, os dois estavam juntos há quase 10 meses e, no sétimo mês, o namoro foi marcado por um pedido de medida protetiva após ele ter quebrado o braço da vítima.

No dia 13 deste mês, quando uma nova agressão ocorreu, a vítimadetalhou que demorou dez minutos para buscar o homem no trabalho. Chegando lá, foi informada de que ele havia decidido ir para casa sozinho. Já temendo o comportamento do agressor, a mulher conta que preferiu ir para a residência da mãe.

Contudo, chegando lá ligou para dizer que a chave da casa onde os dois moravam seria entregue a ele por um motorista de aplicativo. Na chamada de voz, ela pontua que o suspeito não esboçou nenhuma reação, levando a vítima a acreditar que estava “tudo bem”.

Diante disso, ela mencionou a possibilidade dos dois terminarem, uma vez que aquele relacionamento não condizia com a vida cristã que ela queria ter.

“De noite eu resolvi ir pra casa pra poder pegar uma roupa para ir pro culto. Chegando lá, entrei e vi que a casa estava toda revirada. Ele tinha bebido”, prossegue. “Ele não me deu opção, me bateu tanto que eu cheguei a desmaiar”. 

Os relatos das agressões sofridas incluem socos e mordidas. A mulher afirmou que foi arrastada pelos cabelos pelo corredor da casa e espancada com uma chinela e com um cabo de vassoura. 

Em seguida, ela explicou que passou por uma espécie de julgamento. “Ele sentou e começou a me perguntar o que eu achava que ia acontecer depois dali. Se eu ficasse calada aí era que ele continuava (a agressão)”.

A vítima relata que o homem chegou a proferir a seguinte frase: “Como eu sei que tu vai me lascar, eu vou te matar hoje e me entrego pra polícia amanhã”.

“No momento em que estas palavras saíram da boca dele, eu pedi pra que Deus me ajudasse, me desse uma luz”, complementa.

“O momento de terror”, como a vítima relembra, durou aproximadamente três horas e teve fim quando o homem saiu para comprar um saco de gelo, que seria para colocar nos hematomas. “Ele foi comprar gelo e eu inventei de fazer janta. Ganhei tempo, mas ele trancou a casa com a chave”.

Diante da falta de alternativa, a mulher explicou que optou por pular a janela da sala. No momento em que tentava fugir, ela contou que a irmã estava chegando no local para socorrê-la.

“Minha irmã estava voltando do culto. Ela me ajudou a pular da janela e eu estava toda ensanguentada. Fomos até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que fica a dez minutos da minha casa. E pouco depois ele (suspeito) chegou lá”, relembra.

Policiais militares foram acionados para o local e o suspeito empreendeu fuga.

A vítima foi consultada e encaminhada ao Hospital Regional do Cariri, onde foi submetida a uma cirurgia no maxilar. A mulher disse que também apresentou ruptura na arcada dentária e uma pequena lesão na coluna.

A vítima relatou ainda que precisa ingerir medicamentos para dormir e que está sendo acompanhada por um profissional de saúde mental.

Homem já teria agredido ex-companheiras

O suspeito, conforme a vítima, já foi casado duas vezes e tem dois filhos, um de cada matrimônio. De acordo com a mulher, as duas esposas contataram a vítima após a agressão, alegando já terem passado pela mesma situação.

A mulher destaca que no espaço de tempo entre a agressão e a prisão, o suspeito entrou em contato com a família e com as irmãs da vítima para pedir perdão e dizer que estava arrependido por ter violentado a namorada.

“Faço esse apelo para que a gente não tenha medo (de denunciar), porque não merecemos passar por isso. Merecemos ser amadas, cuidadas e, acima de tudo, respeitadas. Não se deixem levar, não caiam no papo deles, temos que denunciar”, complementa a vítima.

Os policiais realizaram a captura do suspeito mediante a apresentação de ordem judicial. O homem foi conduzido até a Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte onde o mandado foi cumprido. O suspeito está à disposição da Justiça.

Ceará registrou 2.167 casos de violência em setembro

 

Em setembro deste ano, 2.167 pessoas do gênero feminino foram vítimas de violência registrada na Lei n° 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) no Ceará. Os dados estão presentes na estatística mensal publicada pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia da Segurança Pública (Supesp)

De janeiro a setembro, o Estado registrou 18.783 casos de violência contra a mulher. O primeiro mês do ano lidera a lista com 2.249 ocorrências, seguido por setembro (2.167), agosto (2.204), maio (2.088), julho (2.071), junho (2.049), abril (2.042), março (1.981) e fevereiro (1.932).

Ainda conforme o levantamento, 21,55% dos casos registrados no mês passado ocorreram no domingo e 17,54% na segunda-feira. No que se refere ao turno, 31,75% dos crimes de violência foram cometidos das 18h às 23h59 min e 28,24% das 06h às 11h59min.

Denúncias 

A SSPDS reforça que a população pode contribuir com as investigações repassando informações, com sigilo e anonimato garantidos.

Disque-Denúncia: 181
WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181
Delegacia de Defesa da Mulher em Juazeiro do Norte: (88) 3102-1102
E-Denúncias: disquedenuncia181.sspds.ce.gov.br

opovo.com.br

Cariri Ativo

29.10.2024