Dentre os temas abordados na delação, Cid fez declarações sobre o plano de golpe de Estado, alteração no cartão de vacina de Bolsonaro e desvio de bens, como joias da presidência
O militar e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, fez exigências para fechar o acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Entre os pedidos, estão o perdão judicial, restituição de bens e extensão dos benefícios a familiares. Após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o documento teve o sigilo quebrado nesta quarta-feira (19).
Dentre os temas abordados na delação, Cid fez declarações sobre o plano de golpe de Estado, ataques virtuais a opositores do governo, ataques às vacinas de Covid-19, uso de cartões corporativos, alteração no cartão de vacina de Bolsonaro e desvio de bens, como joias da presidência.
De acordo com informações da Agência Brasil, para fechar o acordo, a defesa de Cid fez os seguintes pedidos:
- Perdão judicial ou prisão de até dois anos;
- Devolução de bens e valores apreendidos;
- Extensão dos benefícios para pai, esposa e filha; e
- Proteção da Polícia Federal para si e os familiares.
Em troca, Cid se comprometeu com a Polícia Federal a:
- Esclarecer espontaneamente todos os crimes que participou ou tenha conhecimento;
- Falar sempre a verdade e cooperar com a Polícia Federal e outras instituições;
- Entregar todos os documentos, fotografias, gravações de sinais de áudio e vídeo, e senhas de acesso que tenha ou saiba que estão com outra pessoa;
- Informar a PF, imediatamente, caso outro investigado tente falar com ele.
Delação premiada
O acordo de delação premiada previa que Mauro Cid falasse sobre as suspeitas de crimes cometidos por ele e por outras pessoas ao longo do governo do ex-presidente Bolsonaro. Foram tratadas, por exemplo, as investigações da tentativa de golpe de Estado, das joias trazidas da Arábia Saudita e da fraude nos cartões de vacinação.
Caso as informações fornecidas pelo delator sejam confirmadas, ele pode receber benefícios, como a redução da pena e o cumprimento de condenações em regime aberto.
A delação foi homologada em 2023 pelo Supremo Tribunal Federal e serviu de base para as investigações da Polícia Federal.
Quebra de sigilo
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, derrubou o sigilo do acordo de delação premiada firmado no ano passado entre a Polícia Federal e o tenente-coronel Mauro Cid. Na decisão, ele deu o prazo de 15 dias para que os 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nessa terça-feira (18) apresentem, por escrito, suas defesas.
"No presente momento processual, uma vez oferecida a denúncia pelo procurador-geral da República, para garantia do contraditório e da ampla defesa [...] não há mais necessidade da manutenção desse sigilo, devendo ser garantido aos denunciados e aos seus advogados total e amplo acesso a todos os termos da colaboração premiada", escreveu o ministro.
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Cariri Ativo
20.02.2025