Soldado da Polícia Militar que tinha empresa de investimentos é acusado de aplicar golpe de R$ 60 mil em outros três PMs - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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Soldado da Polícia Militar que tinha empresa de investimentos é acusado de aplicar golpe de R$ 60 mil em outros três PMs

Soldado da Polícia Militar que tinha empresa de investimentos é acusado de aplicar golpe de R$ 60 mil em outros três PMs

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Legenda: Dois policiais militares são suspeitos de estelionato contra três colegas de farda, no Ceará
Foto: Divulgação/ SSPDS

Outro policial militar também é investigado por estelionato. A empresa dos PMs teria deixado de lucrar após o trader (analista de mercado financeiro) ser assassinado em Fortaleza.


Escrito por
Messias Borgesmessias.borges@svm.com.br


Um soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) e virou alvo de uma investigação administrativa, na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD), por aplicar um golpe total de R$ 60 mil, contra três policiais militares. O acusado tinha uma empresa de investimentos e prometia lucros para as vítimas.

A CGD instaurou Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o soldado PM Alysson Araújo de Carvalho, apontado como o proprietário da empresa Smart Investimentos, e o soldado PM Leandro de Moura Lemos, que seria sócio da empresa. A portaria foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) da última terça-feira (18).

Conforme a publicação, os dois policiais militares, "desde o ano de 2019, através da suposta empresa Smart Investimentos, captavam para si e para terceiros, vantagem imprópria, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo estas pessoas em erro ou engano, mediante artifício e outros meios fraudulentos para que elas inadvertidamente se deixassem espoliar através da realização (de) transferências de valores pecuniários aos acusados".

Apesar da investigação administrativa contra os dois PMs, apenas o soldado Alysson Araújo de Carvalho foi denunciado pelo MPCE pelo crime de estelionato, contra três vítimas, no dia 30 de agosto do ano passado. A denúncia foi recebida pela 15ª Vara Criminal de Fortaleza e o acusado virou réu no processo criminal, no dia 2 de setembro último. O PM Leandro Lemos aparece no processo criminal como testemunha e é investigado em outro inquérito policial.

As defesas de Alysson Araújo de Carvalho e de Leandro de Moura Lemos não foram localizadas pela reportagem, mas o espaço segue aberto para futuras manifestações. 

Ao ser interrogado no 10º Distrito Policial (10º DP), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), no dia 20 de outubro de 2020, Alysson alegou que não conseguiu mais lucros nos investimentos depois que o seu trader (analista de mercado financeiro) foi assassinado. O PM sustentou que "em nenhum momento, agiu com intenção de enganar qualquer pessoa".

Promessa de lucro aos colegas de farda

Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará, Alysson de Carvalho, em março de 2020, "praticou crime de estelionato de forma continuada, obtendo vantagem mediante meio ardil, ao convencê-las (vítimas) para que fizessem aplicações financeiras, prometendo uma rentabilidade fixa e investimentos de renda variável. No entanto, os valores nunca foram restituídos às vítimas".

15%
de lucro mensal foram prometidos a três policiais militares - um subtenente (na época, sargento), um sargento e um cadete (oficial em formação) - que investiram um total de R$ 60 mil na empresa Smart Investimentos. O dinheiro seria pertencente ao subtenente, que emprestou R$ 40 mil para os outros dois PMs também realizarem o investimento. A empresa operava com criptomoedas e bitcoins, entre outras operações.

Uma vítima afirmou às autoridades que ficou receosa de investir na empresa, mas viu os proprietários da Smart Investimentos "ostentando uma vida de luxo nas redes sociais" e "resolveu, então, entrar para o negócio", segundo a denúncia.

Alysson de Carvalho rebateu, no interrogatório policial, que pagou 20% de lucro aos colegas de farda, em setembro de 2019; 22% de lucro, em novembro daquele ano; e mais 20%, em dezembro. O réu afirmou que R$ 28,8 mil foram pagos aos PMs e negou que o negócio se tratava de esquema de pirâmide.

Trader foi assassinado a tiros

trader dos negócios do soldado PM Alysson Araújo de Carvalho seria Aryel Silva Jacob, assassinado aos 21 anos, no dia 2 de fevereiro de 2020. O corpo do jovem foi encontrado com marcas de tiros, no canal do Lagamar, no bairro Aerolândia, em Fortaleza.

Moradores afirmaram que, na noite do crime, acontecia uma festa de Pré-Carnaval e barulhos de tiros foram ouvidos. "Acordei atordoado, do outro lado estava tendo pré-carnaval. Foram vários tiros, era muito tiro", disse um morador à reportagem do Sistema Verdes Mares.

O corpo de Aryel Silva Jacob foi encontrado com marcas de tiros, no canal do Lagamar, no bairro Aerolândia, em Fortaleza
Legenda: O corpo de Aryel Silva Jacob foi encontrado com marcas de tiros, no canal do Lagamar, no bairro Aerolândia, em Fortaleza
Foto: Rafaela Duarte/ SVM

Questionado sobre o homicídio pela Polícia Civil, Alysson afirmou que não sabia a motivação do crime. O policial afirmou aos investigadores que procurou os pais de Aryel "para realizar um acordo extrajudicial, para que fossem repassados os valores da conta de Aryel para uma outra conta, e, assim, devolver aos clientes, acordo esse que foi infrutífero até o presente momento", segundo a denúncia do Ministério Público.

Quatro homens foram denunciados pelo Ministério Público por participação no assassinato de Aryel Silva Jacob. Entretanto, a 4ª Vara do Júri de Fortaleza decidiu impronunciar (ou seja, não levou a julgamento) três réus, por falta de provas, em novembro de 2023. O quarto réu teve o processo desmembrado, em razão de continuar foragido.

Conforme a denúncia do MPCE, a motivação do crime foi "torpe, consistente em ação da organização Guardiões do Estado-GDE visando assegurar a autoridade e o domínio na região do crime". Aryel ainda estaria frequentando uma região dominada pela facção rival Comando Vermelho (CV), o que levantou a suspeita de membros da GDE.

"Soma-se a esse contexto outras circunstâncias igualmente torpes, e não excludentes, no sentido de que a vítima estaria aplicando golpes com 'cartão clonado' e ostentava o dinheiro que conseguia com carros e fazendo 'umas festinhas próximo a beira do canal', o que estariam desagradando os integrantes da organização criminosa que domina a região do crime", acrescentou a denúncia.

diariodonordeste.verdesmares.com.br

Cariri Ativo

21.02.2025