Dados do Censo Escolar 2024, reúnem informações sobre as diferentes etapas e modalidades da educação básica e profissional
Como as escolas e as matrículas estão distribuídas nas redes de ensino do Ceará?
O Ceará tem 7.622 escolas de educação básica, sendo a maioria da rede pública (quase 80%). Enquanto a rede privada está fortemente concentrada nas áreas urbanas, a rede pública está presente de forma significativa na zona rural, com 2.504 unidades (42,2% do total). Também é a gestão pública que atende populações indígenas e quilombolas.
A rede pública concentra quase 81% das matrículas da educação básica no Ceará, e a diferença é ainda mais expressiva nas zonas rurais, onde praticamente todo o atendimento é público — 373 mil alunos contra pouco mais de mil na rede privada.
A educação infantil é a etapa em que a presença privada é mais significativa, na comparação com a rede pública. Quase um quarto das matrículas nessa etapa escolar está em escolas particulares.
No ensino fundamental, juntando anos iniciais e anos finais, 80% dos alunos está nas unidades públicas. E, no ensino médio, apenas 1 em cada 10 estudantes está nas unidades privadas.
O levantamento também permite observar que o perfil dos estudantes no Ceará é equilibrado em termos de gênero, com 50,5% de meninos e 49,5% de meninas matriculados.
Em relação à raça/cor, o cenário revela a predominância de alunos pretos e pardos, que representam 80,7% do total, enquanto 18,4% se declaram brancos e 15,3% pertencem a outros grupos ou não informaram a cor/raça.
Uma novidade trazida pelo levantamento mais recente foi que o Ceará atingiu a maior proporção de estudantes da rede pública matriculados no tempo integral entre 2014 e 2024. Nesse período, a proporção de matrículas nessa modalidade de ensino saiu de 26,6% para 47,3% — praticamente o dobro.
A análise considera todas as etapas de ensino, incluindo educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, curso técnico integrado ao ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), entre outras.
Qual a formação dos professores e como eles são contratados no Ceará?
Na educação básica do Ceará, a maioria dos professores tem formação superior em cursos de Licenciatura. Eles representam 85,2% dos docentes da rede pública e 70% dos profissionais das escolas particulares.
Por outro lado, a presença de profissionais com ensino médio ou formação inferior é mais alta nas escolas privadas (17,5%, contra 8% na pública), assim como a formação em magistério (9,2%, contra 3%). A proporção de bacharéis é semelhante nas duas redes.
Quanto à forma de contratação dos professores na rede pública, o Ceará tem metade dos docentes contratados com vínculo temporário, modalidade de contratação considerada precária e criticada por especialistas, quando se considera todos os profissionais, contratados nos municípios e nas redes estadual e federal. Mas essa situação varia conforme a esfera administrativa em que ele atua.
Enquanto na rede federal os concursados são maioria (92,8%), esse tipo de vínculo corresponde a pouco mais da metade dos profissionais das redes municipais (51,6%) e apenas 38,1% na rede estadual. A presença de temporários tem destaque na rede do Estado, em que chegam a ser 60% dos docentes.
Infraestrutura e conectividade nas escolas cearenses
Como o Diário do Nordeste mostrou em reportagem publicada no dia 5 de outubro, o acesso à energia elétrica está praticamente universalizado nas escolas cearenses, tanto públicas (99,9%) quanto privadas (98%). Porém, as diferenças entre as redes se tornam marcantes em outros serviços.
Enquanto as escolas privadas apresentam altos índices de cobertura em todos os itens — com quase 100% de coleta de lixo, 94,1% de acesso à água encanada e 81,3% ligadas à rede de esgoto —, apenas 86,3% das escolas públicas têm acesso a serviço de coleta de lixo, 79,4% recebem água da rede de distribuição e somente 34,9% estão conectadas ao esgoto.
Quanto à infraestrutura pedagógica e de acessibilidade, a maior parte das escolas públicas possui biblioteca ou sala de leitura (61,9%), enquanto na rede privada a proporção é de 85%. Já os laboratórios de ciências e de informática seguem proporções semelhantes entre as escolas das duas redes.
Em relação a inclusão e acessibilidade, 58,2% das escolas públicas têm banheiros adaptados para pessoas com deficiência e 37% contam com salas de atendimento especializado. Na rede privada, os índices são mais baixos para o atendimento especializado (8,6%) e banheiros acessíveis (48,2%).
Outro serviço praticamente universalizado nas escolas cearenses é o acesso à internet, tanto na rede pública (98,6%) quanto na privada (98,1%). Porém, há diferenças em relação à forma de uso. Quase todas as escolas utilizam a internet para fins administrativos, mas menos da metade das instituições oferece acesso direto aos estudantes — cerca de 44% em ambas as redes.
Por outro lado, as escolas públicas se destacam no uso da internet voltado ao ensino e à aprendizagem: 73,9% delas utilizam a rede com fins pedagógicos, proporção superior à observada entre as escolas privadas, onde esse índice é de 58,6%.
Contratações na rede estadual
Em abril de 2025, o Diário do Nordeste havia questionado a Secretaria de Estado de Educação do Ceará (Seduc) sobre os resultados do Censo Escolar 2024, que mostraram que 60% dos professores da rede estadual do Ceará têm contrato temporário, enquanto 38,1% são concursados.
Em nota enviada à época, a Pasta afirmou que, na rede pública estadual, o professor temporário é contratado para suprir carências de professores efetivos, que precisam se ausentar da sala de aula por motivo de afastamentos previstos em legislação para servidores.
“Dessa forma, o número relativo aos temporários é variável e a coleta de dados do Censo, por exemplo, é feita sempre nos primeiros meses do ano”, pondera o comunicado. O afastamento de um professor efetivo, segundo a Seduc, pode ser suprido por mais de um professor contratado por tempo determinado, “algo que implicaria nessa diferença entre o número de professores efetivos e contratados”.
“O professor temporário tem um contrato administrativo, precedido de uma seleção pública. O profissional de 40 horas recebe remuneração, auxílio alimentação, 13º salário, plano de saúde dos servidores do estado (ISSEC), e os benefícios do Regime Geral de Previdência (aposentadoria, auxílio doença direito às licenças de saúde, maternidade, paternidade)”, complementa.
O último concurso foi realizado em 2018, e a Pasta recorda que todos os aprovados foram convocados, totalizando 3.793 profissionais. Além disso, o Governo do Ceará também realizou, em 2023, o primeiro concurso de professores para escolas indígenas.
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Cariri Ativo
09.10.2025