HOJE MINISTRO, Gustavo Bebianno, era presidente do PSL durante a campanha eleitoral
| Governo | Em entrevista, presidente negou que tenha mantido conversas com Gustavo Bebianno sobre episódios de candidaturas.
Em sua primeira entrevista após deixar o hospital depois de 17 dias internado, o presidente Jair Bolsonaro disse haver determinado que a Polícia Federal investigue os casos de suspeita de candidaturas "laranjas" no seu partido, o PSL.
À Rede Record, Bolsonaro também admitiu a possibilidade de que o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, pode ser demitido caso se comprove o seu envolvimento nos dois episódios que vieram a publico até agora, noticiados em reportagens da Folha de S. Paulo.
"Se (Bebianno) estiver envolvido e, logicamente, responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens", afirmou o chefe do Executivo, pouco antes de receber alta - Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia para retirada da bolsa de colostomia e recuperação do intestino.
Bebianno presidiu o PSL durante as eleições do ano passado, período no qual pelo menos duas candidatas, uma em Minas Gerais e outra em Pernambuco, teriam sido usadas para receber dinheiro da cota para mulheres prevista no Fundo Eleitoral.
Atual presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar atribuiu a responsabilidade pelos repasses às postulantes ao ex-presidente. Questionado se sua permanência no Governo estaria garantida mesmo depois das denúncias, Bebianno afirmou ontem que já havia conversado com Bolsonaro "pelo menos três vezes".
O ministro foi desmentido pelo vereador pelo Rio de Janeiro e filho do presidente, Carlos Bolsonaro. Em sua conta no Twitter, o parlamentar afirmou na tarde de ontem que tinha estado ao longo de todo o dia com pai e que, em nenhum momento, ele conversara com Bebianno.
"É uma mentira absoluta de Gustavo Bebianno que teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo O Globo e retransmitido pelo Antagonista", escreveu.
Em seguida, Carlos divulgou áudio do presidente no qual ele se recusa a manter diálogo com Bebianno. "Gustavo, está complicado eu conversar ainda, então não vou falar", diz Bolsonaro. "Não vou falar com ninguém a não ser o estritamente essencial. Estou em fase final de exames para possível baixa hoje, tá ok? Boa sorte aí."
O gesto de Carlos, que agravou a crise ao desautorizar um ministro do Estado, levando os problemas do PSL para dentro do Planalto, foi criticado por deputados da base de Bolsonaro. Na Câmara, a deputada federal Joice Hasselmann disse que "não pode se misturar as coisas".
De acordo com ela, "filho de presidente é filho de presidente", e que o Governo precisa "tomar cuidado para não fazer puxadinho da Presidência da República dentro de casa para expor um membro do alto escalão do governo dessa forma".
No fim da noite dessa quarta, porém, o próprio perfil de Bolsonaro no Twitter compartilhou as mensagens de Carlos nas quais o vereador chama Bebianno de mentiroso. Na entrevista à Record, todavia, o pesselista joga panos quentes na crise. "É uma minoria do partido que está envolvida nesse tipo de operação", afirmou.
Hoje, o presidente deve bater o martelo sobre o modelo de reforma da Previdência a ser enviado ao Congresso. Ontem, o receio era de que o entrevero entre Bebianno e Carlos azedasse o ambiente político, comprometendo a aprovação da medida.
(com agência)
HENRIQUE ARAÚJO
14.02.2019